terça-feira, 28 de abril de 2009


DICIONÁRIO TOPONÍMICO: CIDADE DE LOULÉ

Chegou ao nosso conhecimento que vai ser apresentado publicamente, em Loulé, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, no próximo dia 2 de Maio de 2009, pelas 10 h.

Uma obra editada com o apoio do município e que se integra nas comemorações do centenário do nascimento do professor Joaquim Magalhães. Personalidade incontornável da cultura no Algarve do século XX, que se destacou pela divulgação que fez da poesia de António Aleixo, embora não podendo ser esquecida a sua actividade pedagógica e de oposição ao regime Salazarista, entre múltiplas facetas da sua vida.

Com autoria de Jorge Palma, este dicionário pretende registar a toponímia que existe actualmente na cidade de Loulé.

A toponímia é o estudo da origem e significado do nome dos lugares e esta, é reconhecido, uma das áreas que sofre sempre alterações ao longo do tempo e com a mudança de regime político, bem como depende muito de quem exerce o poder na localidade.

Neste caso, parte-se do caso de Loulé, mas era importante outros trabalhos deste género para a maioria dos concelhos portugueses, até para muitas vezes as pessoas perceberem o porquê da designação dada a uma artéria, local ou praça numa determinada localidade, e, sobretudo quem são as personalidades muitas vezes homenageadas através da afixação de placas em ruas que grande parte das vezes não se sabe a ligação que tiveram à terra, porque já entraram no domínio do esquecimento.

Uma obra que se saúda e aguarda com expectativa para podermos consultar.

A.A.B.M.

sexta-feira, 24 de abril de 2009


PÁTRIA E LIBERDADE - MAYER GARÇÃO

"Mayer Garção pertenceu à geração que sucedeu ao 31 de Janeiro. Era considerado 'o príncipe do jornalismo'. A República estava na sua fase mais bela, renascia do sacrifício que tingiu de sangue o velho Porto, burguês e capitalista. Mayer Garção surgiu, por volta de 1899, com Fernando Reis, numa publicação de crítica intitulada 'Os Vermelhos'. Tinha apenas 19 anos e já se revelava brilhante. O seu lançamento como jornalista foi quando escreveu 'A Queimar Cartuchos', uma polémica com Silva Pinto, o segundo maior sarcasmo das letras. Mayer Garção, ainda estudante, ataca-o audaciosamente e com tanta bravura, que o escritor da 'Alma Humana', em vez de o derrubar, abriu-lhe os braços com ternura e apadrinha a sua carreira jornalística. Em 1896 funda a revista 'Inferno' com Júlio Dantas, Antero de Figueiredo, José Sarmento, Domingos de Guimarães, entre outros. Três jornais fixaram a sua personalidade: o 'Mundo', a 'Capital' e a 'Manhã'. O jornalista está no auge da propaganda republicana. Escreve as Notas Vermelhas com Afonso Costa e mais tarde Notas à Margem. Em 5 de Outubro de 1910 vive a hora da sua vida, 'aquela em que viu desfraldar pela primeira vez a bandeira verde-rubra'. Estala a primeira guerra europeia. Mayer, na 'Capital' torna-se um dos padrinhos da intervenção. A 'Manhã', de que é director, atravessa períodos difíceis, escrevendo debaixo de balas. É lhe oferecida a direcção de um jornal, com um ordenado tentador. Porém, prefere continuar independente e rebelde, recusando assim a proposta. Faleceu devido a um acidente de viação" [via Artur Portela]

GARÇÃO (Mayer) [n. 18/02/1872 - m. 04/08/1930] — PÁTRIA E LIBERDADE. Conferência realizada no Quartel de Marinheiros, em 11 de Dezembro de 1915, Lisboa, Imprensa Nacional, 1916, 19-I págs. B.

[foto retirada do Catálogo Livros da In-Libris]

J.M.M.

CUNHA LEAL, DEPUTADO E MINISTRO DA REPÚBLICA. UM NOTÁVEL REBELDE
Autor: Luís Farinha
Editor: Texto Editores
Ano de Edição: 2009
N.º Páginas: 368

Sinopse: O livro Cunha Leal, Deputado e Ministro da República - Um notável Rebelde integra uma colecção de estudos monográficos sobre os parlamentares da I República que se distinguem como deputados e ministros do novo regime implantado em 1910. Precursor - muito precoce - do reformismo político e social, num país que se balanceava entre duas situações antagónicas. Trilhou, quase sempre, um caminho político estreito e isolado. No entanto, da sua coragem física e moral, extraiu sempre a palavra com que contra ventos e marés, abriu inegáveis espaços de liberdade.

Chegou ao nosso conhecimento que o Doutor Luís Farinha publicou recentemente mais um título,desta vez dedicado à figura de Cunha Leal. Depois de se ter dedicado ao estudo do reviralho e às revoltas militares contra o Estado Novo, dedicou-se nos últimos anos a elaborar a sua tese de doutoramento sobre a figura controversa, mas politicamente muito interessante de Francisco Pinto Cunha Leal.

Ao longo de três centenas e meia de páginas aprofunda o conhecimento sobre este engenheiro que se tornou uma das figuras mais importantes do final da 1ª República e, se, no início, era apenas um critico da Ditadura Militar, com o decorrer do tempo transforma-se num dos opositores ao Estado Novo. Foi preso em 1930 e vive exilado em Espanha, onde desencadeia forte ataque jornalístico à situação que se vivia em Portugal. Figura ligada aos meios conspirativos apesar de manter alguma distância em relação ao MUD e à candidatura do general Norton de Matos, o que lhe valeu algumas criticas por parte dos restantes oposicionistas, acaba por recuperado por essa mesma oposição como candidato a deputado pela oposição em 1953.

Em 1961, assume, em Luanda, uma posição de defesa da autodeterminação negociada com os povos africanos, que pudesse conduzir a uma solução confederada, onde os povos independentemente da cor da pele pudesem ser cidadãos portugueses.

Cunha Leal, deixou uma quantidade significativa de textos publicados em livros, revistas e jornais onde é possível verificar a evolução do seu pensamento, as suas bases de orientação política e as fragilidades de alguns aspectos do seu pensamento político. Temos também presente, através da leitura das suas memórias, que um dos homens que o acompanhou durante um largo período da sua vida foi José Mendes Cabeçadas Júnior.

A.A.B.M.

NOTÁVEIS MESSINENSES – VIVÊNCIAS E CONTRIBUTOS

Como na ocasião - AQUI – foi mencionado decorre a Exposição "Notáveis Messinenses" [18 de Abril a 20 de Junho], na Junta de Freguesia de S. Bartolomeu de Messines, "terra de gente empreendedora e memorável", e numa rara e feliz iniciativa da Junta de Freguesia local. A mostra, onde ilustres messinenses são arrolados, insere-se numa merecida e prestigiosa evocação do poeta e pedagogo João de Deus ["filho ilustre da terra"] e, também, na comemoração do centésimo aniversário da estimada monografia de S. Bartolomeu de Messines (de Ataíde de Oliveira). Sob direcção de Aurélio Nuno Cabrita, com apoios de diferentes instituições da região, a interessante exposição suscita vivo aplauso.

Conforme AQUI se adiantou, da exposição sairia a público alguns subsídios para uma biografia de notáveis messinenses. E, de facto, os contributos biográficos estão, desde já, disponíveis online e para consulta [em Notícias, lado esquerdo da página]. Oportunamente e com muita qualidade.

Dos repositórios biográficos elaborados, que valem como um todo, chamamos a atenção e leitura, e no que a nós (e a esta tábua) diz respeito:

- a biografia de Joaquim Mendes Neutel (Visconde de Messines), escolar em Coimbra, proprietário local, militar (liberal) e deputado às Cortes (1838-40 e em legislaturas seguintes), agraciado com o título de Visconde de Messines (1872);

- a biografia de João de Deus Ramos, escrita por António Ponces de Carvalho;

- a biografia (escrita pela pena do nosso companheiro Artur A. Barracosa Mendonça) de António Vaz Mascarenhas, republicano dedicado, Presidente da Cooperativa de Instrução e Recreio (que funcionou com primeiro centro republicano que existiu em Loulé, em 1888-90), participante na Comissão Paroquial Republicana de S. Bartolomeu de Messines (1906), integra o grupo reorganizador do Partido Republicano no Algarve e é eleito para a sua Comissão Distrital, foi maçon (com n. s. Lutero) do triângulo (nº52, de R. F.) de S. Bartolomeu de Messines, teve vários cargos públicos após a República, tendo colaborado em diversos periódicos da região;

- a biografia de José do Espírito Santo Battaglia Ramos (1875-1943);

- a curiosa biografia (por Elsa Santos Alípio) de Joaquim Primo António [1887-1960], marinheiro que integrou a guarnição do cruzador Adamastor [de onde partiu, a 3 de Outubro de 1910, os disparos contra o "pavilhão real içado no Palácio das Necessidades"], barco que fez parte crucial nos intentos para a sublevação que termina pela instalação da Republica, no dia 5 de Outubro;

- a biografia de Maurício Serafim Monteiro (1888-1986), onde se evidencia uma copiosa participação em periódicos da época, a par da sua forte convicção regionalista;

- a biografia estimada de Joaquim Rita da Palma (1889-1985), advogado e republicano (participa no Batalhão Académico), apoiante da candidatura de Arlindo Vicente (1958);

- a biografia interessante de António Neves Anacleto, um combatente libertário, colaborador em variados jornais operários e libertários (foi director do jornal anarquista A Ideia, em 1916), participante no Congresso fundador do PCP, licenciado em direito por Coimbra, oposicionista à ditadura de 28 de Maio, diversas vezes preso por participação em movimentos revolucionários, deportado para Moçambique (1928), depois de novo deportado para a Ilha do Sal acabando por fugir fazendo um périplo por África até à Europa (onde viveu e manteve contactos com a resistência republicana), integra diversas rebeliões e "intentonas", regressando depois a Portugal para partir (uma constante da sua vida) para Moçambique, de onde volta após o 25 de Abril de 1974, aderindo ao PSD de Sá Carneiro;

- a biografia (por Irene Flunser Pimentel) de José Correia Pires (1907-1976), carpinteiro, activista sindical e militante da corrente libertária, várias vezes preso e exilado, foi um dos organizadores do 18 de Janeiro de 1934, tendo sido enviado para o campo de concentração do Tarrafal (1937) onde permaneceu 8 anos [vidé a capa de alguns dos seus livros, acima], após que se fixa em Almada;

- a biografia de Vítor José Cabrita Neto.

Consultar todos os registos biográficos, AQUI.

J.M.M.

quarta-feira, 22 de abril de 2009



MOVIMENTO CÍVICA DE COIMBRA PARA AS COMEMRAÇÕES DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

Convite para a próxima Assembleia-geral comemorativa dos 35 anos do 25 de Abril

Cidadãs / Cidadãos

Em 05 de Outubro de 2010 assinala-se o I Centenário da República.

Os abaixo assinados, Cidadãos e Instituições de Coimbra, republicanos e democratas, em harmonia com os objectivos gerais das Comemorações, definidos pelo Presidente da República e pelo Governo, entenderam constituir-se em Movimento Cívico de Coimbra para as Comemorações do Centenário da República.

É nossa intenção dinamizar, com as instituições, colectividades, associações e cidadãos que adiram a este projecto, um conjunto de iniciativas culturais diversificadas a nível concelhio, em ordem a contribuir para uma maior mobilização e participação da sociedade civil nas comemorações e para uma maior visibilidade dos objectivos pretendidos, especialmente junto das gerações mais jovens.

As adesões, pedidos de reunião, de divulgação e de apoio para quaisquer iniciativas, podem ser comunicadas para Movimento Cívico de Coimbra para as Comemorações do Centenário da República, centenariorepublicacoimbra@gmail.com, http://ponteeuropa.blogspot.com, jdias@inatel.pt, José Dias – 919726959

Convidamo-la(o) a divulgar, a dinamizar e a participar na próxima Assembleia-Geral, Comemorativa dos 35 Anos do 25 de Abril, que tem lugar no auditório da Agência de Coimbra da Fundação Inatel, Rua Dr. António Granjo 6, 2º, Coimbra, no dia 23 de Abril, quinta-feira, pelas 21h15, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

21h30 – Breves Intervenções:

. República no Município – José Dias
. República e Cidadania – Fernando Fava
. República nas Escolas – Anabela Monteiro

22h15 – Debate

23h30 – Encerramento


Saudações Republicanas

Coimbra, 16 de Abril de 2009


[A imagem com a devida vénia foi retidada da revista Brasil-Portugal, que pode ser consultada na Hemeroteca Digital de Lisboa]

segunda-feira, 20 de abril de 2009


PRESOS POLÍTICOS ALGARVIOS EM ANGRA DO HEROÍSMO E NO TARRAFAL

No próximo dia 24 de Abril, pelas 18 h, no Museu de Portimão, vai ser apresentada a obra de Maria João Raminhos Duarte.

Nesta obra, que agora divulgamos, podemos ler a sinopse que de seguida se transcreve:

Em Portugal, com o golpe militar de 28 de Maio de 1926 teve início uma Ditadura Militar que culminou num novo regime, o “Estado Novo”, também de cariz ditatorial, que se institucionalizou com a aprovação da Constituição de 1933 e que se manteve até 25 de Abril de 1974.
Este regime foi sempre marcado por um acentuado autoritarismo do Estado, que impôs aos portugueses um forte dirigismo político, económico e social, mantido por diversas instituições repressivas e policiais. Desde o seu início, o regime foi combatido por uma oposição proveniente de vários sectores da sociedade portuguesa.
Este estudo versa sobre a oposição regional nos primeiros tempos da ditadura e, particularmente, sobre os presos políticos algarvios nas colónias penais de Angra do Heroísmo e do Tarrafal, os mais sacrificados para que hoje possamos viver em liberdade e democracia.
A expulsão da função pública, os despedimentos, as torturas, as prisões e o desterro prolongado fazem parte da memória colectiva da região que aqui se pretendeu preservar.


Mais uma publicação desta autora, que se tem dedicado ao estudo da oposição no Algarve durante o Estado Novo, tendo mesmo concluído a sua tese de doutoramento sobre esta mesma temática. Agora trás ao conhecimento geral quem foram os algarvios que, na oposição, foram perseguidos e presos durante o regime salazarista.

Uma iniciativa que o Almanaque Republicano não podia deixar de divulgar junto de todos os interessados pelas questões da História de Portugal.

Com os votos de grande sucesso para mais esta iniciativa, até porque nos unem laços de amizade com a autora.

A.A.B.M.

sábado, 18 de abril de 2009


MESSINENSES NOTÁVEIS

Numa louvável iniciativa da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu de Messines,com o apoio da Câmara Municipal de Silves, Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de São Bartolomeu de Messines, Arquivo Municipal de Lagoa, Delegação Regional do Ministério da Cultura, jornal «barlavento» e Antena 1, deve estar a decorrer neste momento a inauguração da exposição Messinenses Notáveis e o lançamento do respectivo catálogo.

Esta exposição serve para assinalar dois acontecimentos importantes para esta freguesia algarvia conforme é referido AQUI.
Segundo o investigador Aurélio Nuno Cabrita, um dos responsáveis pela mostra, em 2009 comemoram-se então dois centenários: o da primeira edição da «Monografia de São Bartolomeu de Messines», da autoria de Ataíde de Oliveira, bem como o da inauguração do primeiro monumento, nesta vila, a João de Deus, filho ilustre desta terra.

«Por isso, lembrámo-nos de produzir esta exposição, que recorda 22 personalidades ilustres nascidas ou radicadas aqui, sete delas ainda vivas»: o médico António da Costa Contreiras, o historiador Teodomiro Cabrita Neto, o capitão de Abril Costa Martins, a primeira-dama Maria Cavaco Silva, os empresários Joaquim Manuel Cabrita Neto e Vitor Cabrita Neto e ainda Maria Emília Sousa, presidente da Câmara de Almada.


Os restantes Messinenses biografados nesta iniciativa foram:
- Joaquim Mendes Neutel (Visconde de Messines);
- João de Deus (poeta, autor da «Cartilha Maternal», agraciado com a Grã-Cruz de Santiago);
- António Vaz Mascarenhas (republicano, autarca);
- José do Espírito Santo Battaglia Ramos (Visconde de Messines);
- Joaquim Primo António (republicano, vereador);
- Maurício Serafim Monteiro (advogado, jornalista, autarca, regionalista);
- Joaquim Rita da Palma (advogado, presidente da Ordem dos Advogados no Algarve);
- António Neves Anacleto (advogado, jornalista, antifascista, deputado);
- Francisco Neto Cabrita (médico, autarca);
- José Correia Pires (antifascista);
- Teófilo Fontaínhas Neto (industrial);
- António Cabrita Mealha (ciclista);
- Maria Antonieta Júdice Barbosa (poetisa);
- Francisco Vargas Mogo (Comendador de Grande Mérito);
- José Francisco Viseu (antigo presidente da Câmara de Silves).

Uma iniciativa que o Almanaque Republicano não podia deixar de divulgar junto dos seus ledores e amigos.

A todos recomendamos uma visita à exposição estará patente até 20 de Junho, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 18h00, e aos sábados e domingos das 10h30 às 18h00no edifício-sede da Junta de Freguesia de São Bartolomeu de Messines.

Com os votos de grande sucesso para esta iniciativa.

A.A.B.M.

sexta-feira, 17 de abril de 2009



LUTO ACADÉMICO - COIMBRA 1969

J.M.M.

CONGRESSO REPUBLICANO DE SETÚBAL - 100º ANIVERSÁRIO

Vai realizar-se amanhã em Setúbal a sessão comemorativa do Centenário da realização do Congresso do Partido Republicano. Este colóquio vai ter lugar no Salão Nobre dos Passos do concelho durante todo o dia.

Veja-se o programa dos conferencistas:


Fazemos votos para uma grande participação por parte da população de Setúbal e desejamos os maiores sucessos para a organização.

A.A.B.M.

quarta-feira, 15 de abril de 2009


REVISTA DE HISTÓRIA DA SOCIEDADE E DA CULTURA


O Centro de História da Sociedade e da Cultura da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, publicou recentemente o n.º 7, da revista científica do referido centro. Numa publicação referente a 2009, com 312 páginas onde é possível encontrar nove artigos de reputados especialistas nas respectivas áreas.


Editorial

Maria Teresa Nobre Veloso
O Cantar de Mio Cid. Evocação histórica no 8º centenário da sua redacção

Maria Amélia Álvaro de Campos
Aspectos da presença eclesiástica em Terras de Seia na Idade Média
(Inquirições Gerais de 1258)


Saul António Gomes
Manuscritos Iluminados Quinhentistas da Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra


José Manuel Azevedo e Silva
Diogo Pacheco, capitão-mor da primeira Expedição Portuguesa à
Austrália, em 1519


José Pedro Paiva
Um príncipe na diocese de Évora: o governo episcopal do cardeal
infante D. Afonso (1523-1540)


Joaquim Carvalho e Rosário Campos
Interpersonal networks and the archaeology of social structures; using
social positioning events to understand social strategies and
individual behaviour


Pegerto Saavedra
As freguesias da Galiza de finaisdo séc. XV a meados do XIX

António Valério Maduro
A cultura do olival e da vinha, motor do desenvolvimento agrário
alcobacense (séculos XVIII-XIX)


João Marinho dos Santos
O Mar e a Independência Nacional - relendo Jaime Cortesão

Recensões

Actividades do Centro de História da Sociedade e da Cultura

Resumos

Uma publicação com a garantia de qualidade que nos habituaram os investigadores do grupo de História da Faculdade de Letras da Univeridade de Coimbra.

A.A.B.M.

terça-feira, 14 de abril de 2009


CONVITE: CONGRESSO MUNICIPALISTA 1909 LISBOA 2009

Dia 16 de Abril (17,30 horas), no Salão Nobre dos Paços do Concelho decorre a sessão solene de abertura das Cerimónias Comemorativas do Centenário do Congresso Municipalista de Lisboa (1909-2009). [clicar na Foto, para ler o Programa]

Especial atenção à palestra - que se segue - do Prof. Ernesto Castro Leal, "Republicanismo e Descentralização: O Congresso Municipalista de Lisboa de 1909". Será, ainda, inaugurada oficialmente a Exposição, "Viva a Autonomia Municipal! O Congresso Municipalista de Lisboa (1909)".

J.M.M.

CENTENÁRIO DO CONGRESSO MUNICIPALISTA DE LISBOA (1909-2009)

A partir deste mês de Abril e até Julho, decorre o Centenário do Congresso Municipalista de Lisboa (1909-2009), o "primeiro a reunir em Portugal".

"Promovido pela Câmara Municipal de Lisboa, nesta altura com uma vereação inteiramente republicana, resultante das eleições municipais de 1 de Novembro de 1908, o congresso realizou-se nos Paços do Concelho, entre 16 e 21 de Abril de 1909. Teve como grande objectivo a defesa da autonomia municipal, face à 'repressão centralizadora” – uma reivindicação comum a todos os municípios portugueses, monárquicos ou republicanos, o que explicou a elevada adesão ao congresso, com 158 câmaras municipais, que enviaram 236 representantes, bem como a adesão de várias juntas de paróquia, escolas, associações e colectividades da capital. Durante o congresso, que ficou para a 'história do municipalismo português', como escrevia a imprensa da época, foram apresentadas e discutidas várias teses, com destaque para a Autonomia Municipal e consequentes descentralizações administrativas, de Cunha e Costa, Federação dos Municípios, de Agostinho José Fortes e Municipalização dos serviços públicos, de José Miranda do Vale”.

[ler tudo, AQUI]

J.M.M.

ENCONTRO DA PESCA DO ATUM EM TAVIRA

Nos próximos dias 17 e 18 de Abril de 2009, no Hotel Vila Galé Albacora, em Tavira vai realizar-se um encontro sobre a pesca do atum em Tavira.

Tendo por pano de fundo a importância da COMPANHIA DE PESCARIAS DO ALGARVE, fundada em 1835, vão ser apresentados alguns aspectos ligados à actividade pesqueira na cidade de Tavira. Relembramos a importância que teve esta actividade na cidade com a criação de outras empresas de pesca nos finais do século XIX e inícios do século XX, até ao declínio da actividade no início da década de setenta, já no século XX.

A notícia deste evento poder ser encontrada AQUI, com um lamento, por não ser apresentado um programa detalhado dos trabalhos.

A.A.B.M.

quarta-feira, 8 de abril de 2009


JOÃO PAIS PINTO
(conhecido Abade de S. Nicolau – Porto) - PARTE IV

Para além de João Pais Pinto houve outros casos de padres como Domingos António Guerreiro, de Viana do Castelo e Padre Oliveira que colaboraram com Pais Pinto, num folheto dedicado aos vencidos do 31 de Janeiro feito em 1892 [Dicionário Bibliográfico Português, org. de Inocêncio Francisco da Silva e Brito Aranha, Tomo XVIII, Lisboa, Imprensa Nacional, 1906, p. 21]. Mais tarde outras personalidades ligadas à Igreja vão aderir também ao republicanismo como o abade Casimiro Rodrigues de Sá, padre António Duarte Silva, o padre Manuel Ribeiro da Silva, o padre António Augusto de Vila Seca, o padre Manuel Pires Gil e o reverendo Esteves Rodrigues [Fernando Catroga, A Militância Laica e a Descristianização da Morte em Portugal (1865 - 1911), Vol I, Coimbra, Faculdade de Letras, 1988, nota 4, p. 517-518. Cf. Ainda Vítor Neto, “A Questão Religiosa na 1ª República: A posição dos padres pensionistas”, Revista de História das Ideias, vol. 9, Coimbra, 1987, p. 675-731].

A partir do momento da sua absolvição pelo conselho de guerra, Pais Pinto entra num período de recolhimento. Esta situação pode relacionar-se com a sua mudança de local, já que em Junho de 1892 regressa à sua terra onde pouco se houve falar dele durante algum tempo.

Em 1903 voltamos a ter notícias do padre Pais Pinto, quando ele, surge defendendo a Irmandade dos Clérigos Pobres. Este acontecimento terá sido desencadeado porque esta irmandade contava entre os seus inimigos os Jesuítas e alguns membros do alto clero português.

A Irmandade dos Clérigos Pobres foi transformada pelo Monsenhor Elviro dos Santos em Associação de Socorros Mútuos em 1887. A ela terão aderido cerca de 1600 presbíteros de todo o País [Vítor Neto, O Estado, A Igreja e a Sociedade em Portugal (1832-1911), Lisboa, Col. Análise Social, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1998, p. 130]. Com o apoio do poder civil, esta irmandade, cuja sede estaria na Igreja da Encarnação, passaria para o Convento de Santa Marta. Porém, o clero paroquial atravessava uma crise profunda, já que desde o tempo de Pombal que a classe eclesiástica se sentia oprimida. Perderam liberdades, sujeitaram-se ao arbítrio do poder secular, sofreram humilhações com a venda dos bens das ordens religiosas, as expulsões frequentes a contento dos liberais. Por outro lado, o próprio clero descurou a formação eclesiástica, mas também se desenvolveram sociedades secretas que tinham como objectivo fundamental desacreditar o clero, e os sacerdotes passaram a ser considerados como agentes da reacção.

Pais Pinto que era amigo pessoal de Monsenhor Elviro dos Santos, envolve-se novamente em polémica ao lutar contra o encerramento do Hospício do Clero em Lisboa. Contra essa situação reage o então pároco de Cabanas [de Viriato] ao publicar uma série de artigos no jornal Vanguarda de inspiração republicana.

Esta questão da Irmandade do Clérigos Pobres chega a ser discutida na Câmara dos Deputados, em Maio de 1903, quando Hintze Ribeiro, que na altura era ministro do Reino, decidiu que não dissolvia a Mesa da Irmandade, porque tinha sido feito rigoroso inquérito e provou-se que esta era zelosa na sua administração. Esta decisão trouxe no entanto um problema, o Governo retirou momentaneamente o edifício do Convento de Santa Marta à Irmandade.
Segundo Vítor Neto, a Liga do Clero Paroquial foi fruto da evolução que se registou com a Irmandade dos Clérigos Pobres onde a classe eclesiástica começa a demonstar algumas preocupações em unir-se e reivindicar os seus direitos. As articulações e desavenças que se fizeram sentir dentro do clero tornaram esse movimento cada vez mais uma necessidade. Por isso, assiste-se em 1907 à criação dessa Liga do Clero Paroquial Português que teve a dinamizá-la Monsenhor Elviro dos Santos. Também nessa altura, Pais Pinto, novamente activo politicamente vai defender essa instituição e sobretudo o seu grande amigo, pároco de Santa Engrácia, contra os ataques do Partido Nacionalista.

Pais Pinto volta à ribalta política, quando se organiza uma manifestação na cidade do Porto em sua honra que terá envolvido “mais de mil cidadãos” para receber na estação de S. Bento “o intransigente e velho republicano”. Esta recepção aconteceu em 16 de Junho de 1906, nas vésperas da realização de uma conferência que se efectuou na salão do Centro Democrático no dia 17 [Anónimo, “Dr. Paes Pinto”, Vanguarda, Lisboa, 18-06-1906, Ano XI (XVI), nº 3450 (6311), p. 1, col. 1.]

No final do mês de Junho, Pais Pinto surge indicado como candidato republicano em Cabanas no Congresso Republicano de Lisboa. Mais tarde, já no mês de Julho desloca-se a Lisboa devido a problemas de saúde e fica hospedado em casa do Monsenhor Elviro dos Santos e, o jornal Vanguarda, pedia mesmo aos republicanos, que o fossem esperar à estação do Rossio, para lhe prestarem homenagem pelo seu papel de difusor do ideal republicano pela província. Essa homenagem é concretizada quando Pais Pinto chega e tem à sua espera “grande número de correligionários nossos que enchiam a gare e aclamaram freneticamente o distinto eclesiástico republicano (...) que foi alvo duma eloquente e estrondosa manifestação, que tomou ainda maior incremento à saída da estação até ao Rossio, onde os centenares de pessoas dispersaram” [Anónimo, “Dr. Paes Pinto”, Vanguarda, Lisboa, 10-07-1906, Ano XI (XVI), nº 3472 (6333), p. 1, col. 4]. Sendo esta visita realizada sobretudo por motivos médicos e para assistir à assembleia-geral da Irmandade dos Clérigos Pobres. Por estas manifestações de apreço, realizadas pelos republicanos do Porto e de Lisboa, pode-se concluir que ele seria uma pessoa relativamente conhecida nos meios políticos e as suas posições políticas eram admiradas pela população que o considerava sobretudo como o herói da revolta republicana de 31 de Janeiro.

Na sequência desta manifestação de apreço do povo de Lisboa, Pais Pinto, publica um manifesto ao Partido Republicano de Lisboa, onde agradece a organização da referida manifestação e aponta os laços de “solidariedade” que ligam os elementos deste partido, pela dedicação que manifestava à pátria, em que a República seria a “única forma de governo capaz de regenerar a nacionalidade portuguesa”. Como era padre, acreditava também, qualquer que fosse a religião dos correligionários da república “ou mesmo, nenhuma, que eu não deixarei de cooperar com eles para o restabelecimento de costumes austeros, implantação de virtudes cívicas, amor ao trabalho e administração justa e económica”, deixando mesmo ficar uma nota importante, “se a República acabar com o clero nacional, proclamando a separação do Estado da igreja, nada mais fará do que dar o golpe de misericórdia a uma instituição ludibriada por quem a devia honrar” [João Paes Pinto, “Ao Partido Republicano de Lisboa”, Vanguarda, Lisboa, 11-07-1906, Ano XI (XVI), nº 3473 (6334), p. 1, col. 6]. Acrescentava ainda acerca da posição do clero, que vivia numa situação vergonhosa porque era sustentado pelos emolumentos dos mortos, tendo a Monarquia prometido resolver o problema já havia muito tempo.

Será com a subida ao poder de João Franco, com a instauração da ditadura franquista que Pais Pinto desencadeará novamente um conjunto de acções na imprensa republicana que propaga as suas ideias e princípios. Assim, critica a monarquia pela ausência de liberdade que se vivia, pela corrupção que grassava, pela crueldade e imoralidade da situação.

No vasto número de artigos que se encontrou da autoria do padre Pais Pinto, 26 deles estavam subordinados ao título: “Os Padres Republicanos”.
Outro dos aspectos com que o padre republicano se defrontava era com o peso da Maçonaria e as críticas que lhe eram feitas por ele escrever num jornal que era dirigido por um grão-mestre da Maçonaria portuguesa, Sebastião Magalhães Lima. Quanto a este aspecto, Pais Pinto considerava-a como um inimigo civilizado, porque “combate princípios, mas não se incompatibiliza com as pessoas”, por saber travar uma batalha, por colocar em seu redor “pessoas de todas as cores políticas”, “pessoas de todas as confissões religiosas” [Abade Paes Pinto, “Os Padres Republicanos”, Vanguarda, Lisboa, 05-09-1908, Ano XII (XVIII), nº 4184 (7055), p. 1, col. 1.]. Estes elementos opunham-se aos que eram propostos pelo nacionalismo, fazendo o confronto de ideias entre a Monarquia e a República.

Finalmente, a sua concepção de Deus e da religião é apresentada de forma clara porque “tudo se firma na autoridade de Deus” dentro do campo religioso. Para Pais Pinto “Deus só quer o que é bom, portanto se a religião manda amar mesmo os que não crêem em Deus, é porque estes, seguindo embora o erro, têm alguma coisa de bom e de digno de ser amado”. Mas conduz essa noção para a ideia de liberdade porque “a liberdade de pensamento é um direito igual para todos”, portanto “o sectarismo é inadmissível” no entanto, ele estava bem presente na forma de agir dos católicos ligados ao nacionalismo. Conclui afirmando: “a religião (...) é superior à política, e a política é superior às formas de governo” [Abade Paes Pinto, “Os Padres Republicanos”, Vanguarda, Lisboa, 04-08-1907, Ano XI (XVII), nº 3849, p. 1, col. 1].

Outro assunto que Pais Pinto apresenta nestes artigos é a polémica em que se envolveu com o jornal Portugal representante do Partido Nacionalista [Manuel Braga da Cruz, “Os católicos e a política nos finais do século XIX”, Análise Social, 2ª Série, vol. XVI (61-62), Lisboa, 1980, p. 269.] e onde desfere algumas críticas bastante fortes aos membros desse partido e sobretudo ao apoio que lhe era fornecido pela Igreja católica. Afirmava, portanto, a propósito desse partido “perdeu para mim toda a consideração de um partido sério, austero e capaz de pela prática das virtudes cívicas, influir na regeneração dos costumes sociais, por vê-lo eivado dos mesmos vícios”, mas o grave eram as intenções manifestas de utilizar os párocos para “onde explicam o evangelho e fazem a catequese, tratassem dos assuntos políticos e económicos”.
Para Pais Pinto só poderia falar-se em República e em política se se pensasse em democracia. Ele próprio afirmou “politicamente falando, para mim não há deístas nem ateus, judeus ou muçulmanos, católicos ou protestantes: há só cidadãos com a liberdade de seguirem as crenças que quiserem” [João Paes Pinto, “Dr. Pais Pinto”, A Beira, Viseu, 02-03-1909, Ano III, nº 177, p. 3, col. 2]. Assim, temos logo à partida definidos os parâmetros por onde se guiava este padre: liberdade, democracia, tolerância e concórdia. Portanto, quase todos os temas vão desaguar nestes valores e princípios fundamentais da sua personalidade que o tornaram tão admirado na sua época.
No seu entendimento, a República tinha que ser democrática, tinha que deixar o povo exprimir as suas opiniões livremente e sem restrições. Por isso, a democracia, na sua concepção “é a nação falando por si , e o começar dos argumentos mais simples para os mais complexos”. As palavras religião e democracia tinham, no seu entender, “uma missão parecida; a primeira dissipa as trevas do materialismo, a segunda, as da tirania, ou do poder absoluto; a primeira faz raiar na consciência a luz de Deus, a segunda, a do direito e da justiça. Ambas militam na terra sob a mesma bandeira - Liberdade”. Note-se como este homem consegue estabelecer um raciocínio sobre política e manter a coerência em todos estes aspectos, porque ele via a vida política com estes princípios fundamentais, o que na altura era bastante raro e mesmo inovador, sobretudo para um membro da igreja católica que obviamente não via com bons olhos todas estas afirmações.

A sua morte surpreendeu quase toda a gente a 7 de Abril de 1909, aos 54 anos, sem nunca ter conseguido ver concretizado o seu sonho de ver a República implantada em Portugal. No seu funeral estiveram presentes as figuras republicanas do distrito de Viseu e Bernardino Machado em representação do directório nacional do Partido Republicano. A imprensa, mesmo a religiosa, fez referência à sua morte, pois apesar de não concordar com as suas opiniões políticas o certo é que nunca conseguiram provar que ele era mau sacerdote, apesar de por vezes ser alvo de críticas bastante feias, sobretudo dos órgãos nacionalistas.

Conhecem-se colaborações nos seguintes jornais:
A Beira, Viseu, Dir. Alberto da Silva Basto, 1906-1911
O Futuro, Olhão, Dir. Gustavo Cabrita, 1891-1909
Palavra (A), (1837 188). Sábado, 31 de Dezembro de 1887, N.° 169, Ano XVI, Leão XIII. Homenagem dos católicos portugueses a Sua Santidade Leão XIII, no seu jubileu sacerdotal, Porto, 6 pág.
Protesto de sympathia á Hespanha, Porto, Imp. Moderna, 1 de Dezembro de 1890, 4 pág.
A Voz de Ourém, Vila Nova de Ourém, 1908.
Vanguarda, Lisboa, Dir. Sebastião de Magalhães Lima, 1890-1908

Folhetos e Opúsculos:
Abbade de S. Nicolau e o Bispo de Coimbra, O (Um Incidente da Sublevação do Porto), Porto, Typographia da Empreza Litterária e Typográphica, 1891.
Anno (Um) depois. (Aos vencidos). 31 de Janeiro de 1831 - 31 de Janeiro de 1892. Porto, Typ da Empreza Litteraria e Typographica, 20 pag.
PINTO, João Paes, O Hospício do Clero em Lisboa, Lisboa, Typogrphia Minerva Central, 1903.

A.A.B.M.

TRIBUNAIS POLÍTICOS

"Entre 1926 e 1974, existiram e funcionaram ininterruptamente tribunais especialmente criados para julgar o que a Ditadura Militar e o Estado Novo consideraram ‘crimes políticos e sociais’ ou ‘crimes contra a segurança do Estado’

Tribunais que puniam as actividades políticas, sindicais, militares, culturais, associativas, reivindicativas, de opinião ou outras que as autoridades em geral e a polícia política em especial considerassem atentatórias da ordem estabelecida e como tal criminalizadas e perseguidas. Essa acção repressiva desenvolveu-se num quadro politico-institucional estabilizado a partir da Constituição de 1933 visando a drástica liquidação dos direitos, liberdades e garantias fundamentais (proibição dos partidos, encerramento dos sindicatos livres, censura prévia de todas as formas de expressão, repressão de qualquer manifestação de oposição, etc). Os tribunais políticos especiais eram, neste sentido, uma peça importante do sistema de repressão punitiva, progressivamente centrado na política, que a ditadura foi montando um tanto atabalhoadamente até 1933 – ao sabor das próprias indefinições da luta no seu seio acerca do futuro -, mas que a emergência do Estado Novo, a partir dessa data, institucionalizou duradouramente
" [Da introdução]

Tribunais Políticos. Tribunais Militares Especiais e Tribunais Plenários durante a Ditadura e o Estado Novo, Fernando Rosas (coord.), Irene Flunser Pimentel, João Madeira, Luís Farinha e Maria Inácia Rezola, Edição Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2009, 663 pgs.

J.M.M.

terça-feira, 7 de abril de 2009


JOÃO PAIS PINTO
(conhecido Abade de S. Nicolau – Porto) - PARTE III

No mês de Setembro, após a saída do jornal A República Portuguesa, que provocou grande tumulto e ainda como reacção à assinatura do referido tratado voltamos a encontrar o abade de S. Nicolau envolvido num comício realizado no teatro do Príncipe Real que se realizou no dia 7. Nele discursaram para além de Pais Pinto, José Ventura dos Santos Reis que também se tinha filiado no Partido Republicano após o Ultimato e Ernesto de Vasconcelos que foi impedido de falar pelo Comissário de Polícia presente no teatro. Por essa altura, reconhece Basílio Teles, “tinha-se já por facto averiguado as disposições revolucionárias dos regimentos” tendo a revolta estado quase eminente [Basílio Telles, Do Ultimatum ao 31 de Janeiro (Esboço de História Política), Porto, Basílio Telles Editor, 1905, 333]. Só não terá eclodido nessa altura porque o novo Directório do Partido Republicano enviou uma circular recomendando aos republicanos que se abstivessem de obedecer a homens que eram conhecidos como conspiradores, o que certamente dividiu os ânimos da população. Somente ao chegar a Janeiro de 1891 é que voltam a reunir-se as condições propícias para essa tentativa revolucionária.

Não nos demoraremos na análise dos acontecimentos que são por demais conhecidos, procuraremos sim acompanhar alguns dos passos do padre republicano durante os acontecimentos. Assim, nessa manhã de 31 de Janeiro, segundo uma testemunha dos acontecimentos que os relatava durante o julgamento dos envolvidos na tentativa revolucionária afirmava ter visto entre outras pessoas “Felizardo de Lima, o reverendo abade de S. Nicolau” junto à Câmara Municipal do Porto [João Chagas e ex-Tenente Coelho, História da Revolta do Porto de 31 de Janeiro de 1891 (Depoimentos de Dois Cúmplices), Lisboa, Empreza Democrática de Portugal, 1901, p. 334 quando fazia o seu depoimento o bombeiro municipal, Joaquim Carvalho da Costa]. Porém, segundo João Chagas, “o abade de S. Nicolau, João Pais Pinto (...) apareceu dentro da revolução do Porto nas mesmas circunstâncias em que tantos outros, todavia alheios a ela, se encontraram implicados nela” [João Chagas, Trabalhos Forçados, vol. I, Paris/Lisboa, Livraria Aillaud e Bertrand, 1926, p. 120-121]. Mas o padre é acusado “de ter até certa forma tomado parte nos actos de rebelião de 31 de Janeiro, e acrescenta: de ser um republicano mais ou menos agitador”. Portanto, a figura em que se centra este estudo foi simplesmente envolvido na revolta sem nada saber dos preparativos da revolta. Esta posição é também confirmada por outro dos envolvidos nos acontecimentos, como foi Francisco Manuel Homem Cristo que afirmava convictamente “o abade de S. Nicolau não pertencia à conspiração. Sabia daquilo como toda a gente. O único crime que cometeu foi entrar na Câmara Municipal, como entrou meio mundo (...) Não tomou parte activa nos trabalhos da revolta” [Francisco Manuel Homem Christo, Os Acontecimentos de 31 de Janeiro e a minha prisão, Lisboa, Empreza Editora J. J. Nunes & Cª, 1891, p. 204-205]. No entanto, devido às suas tomadas de posição públicas e ao seu envolvimento com alguns elementos do Partido Republicano acaba por ser preso, segundo se pensa, com base em denúncias feitas por alguém não identificado.

O próprio Pais Pinto, no seu depoimento, refere que “tinha por costume recolher a casa todos os dias, às 7 da tarde, sendo falso que conspirasse na sombra contra as instituições vigentes” [Jorge de Abreu, A Revolução Portuguesa - O 31 de Janeiro (Porto 1891), Lisboa, Casa Alfredo David, 1912, p. 154] . Além disso a sua entrevista ao jornal A Palavra, de 20 de Fevereiro de 1891, o próprio esclarece como se desenrolaram os acontecimentos em que esteve envolvido [ O Abbade de S. Nicolau e o Bispo de Coimbra (Um incidente da sublevação do Porto), Porto, Typ. da Empreza Litterária e Typográphica, 1891, p. 16 e 17]. Esta circunstância permite concluir que certamente o padre não terá tido nenhum envolvimento na preparação e desencadear dos acontecimentos do Porto. Reconhecia, no entanto, ter tido conhecimento na véspera de que se ia desencadear uma revolta no Porto, mas necessitava sair de casa para realizar os serviços religiosos. Ouviu falar na concentração de tropas e dirigiu-se para a “praça de D. Pedro”, aí foi aclamado pelos populares e entrou no edifício da Câmara, mas a desorganização era grande acabou por se afastar do local.

A sua prisão ocorreu a 1 de Fevereiro, juntamente com as de “Azevedo e Albuquerque, indigitado membro do governo provisório proclamado pelo dr. Alves da Veiga na casa da Câmara; o dr. Paes Pinto, abade de S. Nicolau; o dr. Aureliano Cirne, redactor da República; Miguel Verdial, actor da companhia Alves Rente; Dionízio Ferreira dos Santos Silva, industrial; Santos Cardoso, como aliciador e promotor de toda aquela empresa; e Felizardo de Lima” [Heliodoro Salgado, A Insurreição de Janeiro (História, Filiação, Causas e Justificação do Movimento Revolucionário do Porto), Porto, Typ. da Empreza Litterária e Typográphica, 1894, p. 131]. Todas estas prisões provocaram reacções emotivas entre os defensores do ideal republicano que os proclamam heróis, promovem manifestações de apoio.

Durante o período de prisão até ao julgamento, Pais Pinto, convive de perto com João Chagas, que o descreve em pormenor, não só em termos físicos, mas também psicológicos. Seguindo essas informações podemos notar como a população protestava pelo tratamento que era dado aos prisioneiros, que tudo indica era semelhante ao dos prisioneiros de guerra. Os desfiles públicos com os prisioneiros rodeados de soldados a pé e a cavalo com as suas baionetas revelam de certo o propósito de impedir novas tentativas idênticas aquela. Para João Chagas, o padre que ele descrevia assim: “era novo; não teria mais de trinta e dois anos ao tempo, muito alegre, muito expansivo e excepcionalmente inteligente. Vivia no entanto uma vida de uma grande pureza , sem instintos, sem apetites e sem vícios” [João Chagas, Trabalhos Forçados, vol. I, Paris/Lisboa, Livraria Aillaud e Bertrand, 1926, p. 121]. Também Homem Cristo que conviveu com Pais Pinto durante esse período descrevia o padre como “crente, e ingénuo algum tanto” e “um cavalheiro, um homem de bem, um carácter cheio de paciência pela injustiça com que o tratavam e anelando a toda a hora a felicidade da sua pátria” [Francisco Manuel Homem Christo, Os Acontecimentos de 31 de Janeiro e a minha prisão, Lisboa, Empreza Editora J. J. Nunes & Cª, 1891, p. 225]. A acreditarmos nestes dados, Pais Pinto era admirado entre os seus pares republicanos pelo seu espírito tranquilo, pela sua inteligência, pelo seu carácter bondoso, pelo desejo de bem para a pátria, pela cultura e discrição.

Esteve detido na cadeia do Aljube até final do mês de Fevereiro. Depois os prisioneiros foram instalados em barcos como o Moçambique, o Índia e o Bartolomeu Dias onde se mantiveram até ao inicio dos respectivos julgamentos. Porém, esta situação não os impediu de reclamar melhores condições para os da sua condição, pois conseguem produzir um protesto que foi publicado na imprensa republicana. Assim, aqueles que se encontravam prisioneiros a bordo do vapor Moçambique protestavam contra os vexames que os oficiais militares e os presos civis eram sujeitos ao serem “conduzidos como salteadores, em carros celulares desde a Relação até Massarelos, e a pé, no meio de uma escolta, desde a Foz até Matosinhos, depois de terem corrido graves riscos na barra do Porto a bordo do vapor chamado D. Luís”. Além disso, chamavam também a atenção para o facto de “nos exigirem a cada um uma quantia suficiente para um tratamento regular”. Era uma situação insustentável e penosa. E, seria ainda mais complicada, para quem a viveu sabendo que estava inocente das suspeitas de que o acusavam.

A sua principal preocupação, durante o tempo em que esteve preso, foi com a sua mãe e os irmãos. Porque ela tinha alguns problemas de saúde que se teriam agravado após a morte de um seu irmão, também padre, pouco tempo antes. Além do mais como ele próprio afirmava ao jornal A Palavra: “A minha consciência está tranquila. Parece-me desnecessário dizer-lhe que não tenho culpabilidade alguma nos factos do dia 31” o que revela algum sentimento de tranquilidade e inocência, confiando na justiça [O Abbade de S. Nicolau e o Bispo de Coimbra (Um incidente da sublevação do Porto), Porto, Typ. da Empreza Litterária e Typográphica, 1891, p. 16].

No final do julgamento, enquanto quase todos foram condenados a fortes penas de cadeia ou degredo, como já se esperava. Por seu lado, Pais Pinto, foi julgado no 1º conselho de guerra da 3ª divisão militar e foi absolvido “por unanimidade de votos em sentença proferida no dia 23 de Março”.

[Em continuação]

A.A.B.M.


JOÃO PAIS PINTO
(conhecido Abade de S. Nicolau – Porto) - PARTE II

Pais Pinto era conhecido pelos seus colegas de curso como o “Casal Juzão”, já que era a sua terra natal, alcunha que era normal nesta época entre os estudantes da Lusa Atenas. Apesar de ser uma “alcunha extravagante” ele sempre a aceitou como boa pessoa que era, “sempre com o mesmo e inalterável sorriso, correcto, mas franco e sincero” [ Luíz Osório, “O Abbade de S. Nicolau João Paes Pinto”, O Abbade de S. Nicolau e o Bispo de Coimbra (Um Incidente da Sublevação do Porto), Porto, Typographia da Empreza Litterária e Typográphica, 1891, p. 10], convivia naturalmente com os seus colegas e procurando ser amigo de todos, por isso “não se podia dizer mal de ninguém”. Segundo, a análise deste colega de Pais Pinto, em termos religiosos ele era visto como “excessivamente religioso, talvez um místico; mas um místico sereno, que se não exaltava nunca” [Idem, Ibidem, p.11].

Vivia numa modesta habitação, para os lados de Santa Clara, onde usufruía de um ambiente calmo e sereno para se dedicar a contemplação. Aí viveu até terminar a sua licenciatura e ninguém podia prever que ele se viesse a tornar tão conhecido nas lides da vida política. Segundo os livros de matrículas consegue o grau de bacharel em 15 de Junho de 1882 e a 3 de Julho de 1883 termina a sua formatura em Direito [ AUC- Livro de Matrículas da Universidade de Coimbra, Livro 101 (1878-1879), fl. 35, nº 39].

Nomeado pelo arcebispo de Évora para professor e director espiritual do seu seminário, vai para esta cidade onde se instala até 1887. Deste período só foi possível encontrar um testemunho deixado pelo também padre M. Martins Capela no jornal A Ordem, de Coimbra, que terá convivido com João Pais Pinto no Colégio da Formiga onde terá trabalhado como professor durante dois anos [M. Martins Capela, “Abbade João Paes Pinto” in O Abbade de S. Nicolau e o Bispo de Coimbra (Um Incidente da Sublevação do Porto), Porto, Typographia da Empreza Litterária e Typográphica, 1891, p. 25] .Aí foi convidado pelo arcebispo para ensinar no seminário de Évora. Finalmente segue-se o Porto como abade de S. Nicolau.

Quando Pais Pinto chega ao Porto envolve-se mais activamente na sua actividade de auxílio aos seus paroquianos e logo no primeiro semestre desse ano participa activamente na organização e preparação do Congresso Católico da Província Eclesiástica Metropolitana de Braga.

Este congresso realizou-se nos dias 26, 27 e 28 de Abril e debateram os seguintes temas: “1º Meios de combater a propaganda protestante; 2º Modo de manifestar a mais completa adesão ao Pontificado Romano e às justíssimas reclamações da Santa Sé para se garantir a liberdade e independência do Chefe supremo visível da Igreja; 3º Maneira de alargar os socorros domiciliários aos indigentes por meio das Conferências de S. Vicente de Paulo; 4º Estabelecimento de asilos para homens e mulheres no derradeiro quartel da vida e na extrema pobreza, sob a direcção caridosa das Irmãnzinhas dos Pobres”. Da comissão organizadora surgia logo em primeiro lugar o “Dr. Pe. João Paes Pinto - Conde de Samodães - José Joaquim Guimarães Pestana da Silva - Monsenhor António Joaquim d’Azevedo e Couto - Monsenhor António José de Mesquita - Monsenhor António José Rodrigues Pereira - Dr. Manuel Carvalho d’Araújo Lima - Padre Sebastião Leite de Vasconcelos - Duarte Huet de Bacelar - Vasco de Macedo - Manuel Frutuoso da Fonseca - João Francisco de Morais” [Anónimo, “Congresso Católico do Porto - Convite”, Instituições Christãs, Coimbra, nº 8, Ano VII, 20-04-1889, 1ª Série, p. 250]

Assim, em Abril de 1889, o seu nome surge como primeiro signatário do convite para participar no congresso que se realizou na cidade do Porto. Neste Congresso, os participantes foram muito inspirados pela doutrina social da Igreja e “produziram relatos e conclusões sobre a promoção da catequese, a difusão das associações de Jesus, Maria, José, a criação de uma editora, o apoio às S. V. P. e às Irmãzinhas dos Pobres, a construção de casas para famílias sem recursos, e a lealdade ao Papa”


Com a eclosão do Ultimato Inglês, em 11 de Janeiro de 1890, padre Pais Pinto também se envolveu na questão ao falar perante a população neste mesmo comício. Segundo Nuno Severiano Teixeira teria sido “das que mais seriamente contribuíram para o movimento patriótico” [Cf. ainda António Álvaro Dória, “Movimentos Políticos do Porto no século XIX”, Boletim Cultural da Câmara Municipal do Porto, vol. XXVI, Porto, Mar./Jun. 1963, p. 150 a 312], pois surge nas suas fileiras com personalidades como Antero de Quental, Basílio Teles, Sampaio Bruno, D. Américo (Bispo do Porto), Conde de Samodães, José Joaquim Rodrigues de Freitas, Adriano Antero de Sousa Pinto, Alexandre Braga, Ricardo d’ Almeida Jorge, Augusto Manuel Alves da Veiga e também o abade de S. Nicolau, João Pais Pinto.

Porque razão decide ele intervir publicamente e dar a conhecer a aproximação aos ideais republicanos? Esta será uma resposta que ele próprio dará anos mais tarde ao afirmar num artigo “faz hoje 17-01-1909 precisamente 19 anos que eu, (...) me apresentei numa assembleia pública para aderir aos protestos veementes da alma nacional contra o ultimatum de 11 de Janeiro de 1890, que lancinava o coração dos filhos da pátria” [João Paes Pinto, “Carta ao padre Manuel Ribeiro da Silva”, O Futuro, Olhão, 07-02-1909, Ano XVII, nº 833, p. 1, col. 2.], sendo a partir daqui que ele gradualmente se começará a aproximar dos ideais republicanos, pois este período foi bastante favorável ao desenvolvimento destes ideais. Até porque, por detrás de alguns deste movimentos cívicos, estão algumas grandes figuras do partido republicano que conseguem ganhar bastante notoriedade.

O comício onde vamos encontrar a figura do padre Pais Pinto tinha sido promovido pelos académicos, e, segundo os relatos, estava muito concorrido. A presidir à sessão estava o dr. Oliveira Monteiro e nela discursaram o presidente, o dr. Luís de Magalhães, o padre João Pais Pinto, Vítor Verdial entre outros. Daquilo que João Pais Pinto terá falado não temos muitos elementos, mas um aspecto marcou o seu discurso quando ele referiu que estava pronto a ir derramar o seu sangue como missionário português. São palavras fortes, mas vivia-se um período de fortes emoções nacionalistas, e possivelmente, essa emoção fazia-se sentir de forma mais ou menos marcada por toda a gente.

A escolha de Antero de Quental para dirigir a Liga foi tomada a 1 de Fevereiro, no Porto, facto que suscitou grande entusiasmo entre os seus elementos. Uma semana mais tarde, Antero toma o seu lugar na presidência da Liga e durante as várias reuniões feitas ao longo do mês de Fevereiro de 1890 encontramos quase sempre referência à presença do abade Pais Pinto. Será aquando da apresentação do discurso feito por Antero em 7 de Março desse ano, em que apresenta um quadro da situação e procura estabelecer uma linha orientadora para aquela instituição que começam a levantar-se grandes polémicas. Assim, Antero defendia nesse documento a remodelação da vida nacional, porque era necessário corrigir “os erros profundos e numerosos, acumulados durante muitos anos de imprevidência, de egoísmo, de maus governos e de corrompidos costumes públicos”. Para agravar ainda mais esta situação o autor notava “um verdadeiro divórcio” que se tinha estabelecido entre os governantes e a nação, mas isso não seria resolvido com com uma revolução, mas a função da Liga seria procurar “restabelecer a natural harmonia entre o pensamento nacional e o seu órgão, o Estado”, para tal era necessário proceder à “moralização dos poderes públicos”.

Devido a estas ideias a Liga foi compartimentada por comissões que se encarregariam de estudar os diversos problemas e de tentar encontrar soluções. Havia então a comissão Executiva, de Propaganda, de Fomento Económico, Colonial, de Ensino, de Subscrição Nacional e de Defesa Militar. Vamos encontrar a figura do abade de S. Nicolau entre os vogais da comissão organizadora e instaladora da Liga Patriótica do Norte e posteriormente foi eleito para secretário do directório juntamente com Bento Carqueja. Porém a Liga acabou por não ser mais do que um sonho de alguns bem intencionados que não conseguiram envolver o apoio popular, não tinham suporte económico, tornando-se “apenas uma reacção apaixonada, febril à questão do Ultimatum” [José Luís Vaz e Gala, “A Liga Patriótica do Norte e a sua repercussão em Lisboa (Propósitos e fontes de um trabalho), separata do Boletim da Biblioteca Pública Municipal de Matosinhos, nº 32, Matosinhos, Câmara Municipal de Matosinhos, 1988, p. 8], que vai terminar de forma triste logo a 29 de Abril de 1890. Especialmente após “as providências draconianas tomadas pelo Governo no dia 7” levando Antero a retirar-se da vida pública bastante desiludido e amargurado, o que terá também contribuído para o seu suicídio pouco tempo depois.
Quanto a Pais Pinto, como a Liga se foi desfazendo, e como as ideias republicanas pareciam ser as melhores, iam ganhando adeptos, ele acaba meses mais tarde por aderir também ao Partido Republicano.

Terá sido após a assinatura em segredo do Tratado de 20 de Agosto de 1890, em Londres, entre Barjona de Freitas e Lord Salisbury que provoca novamente uma onde de manifestações antibritânicas, que Pais Pinto decide aderir ao movimento republicano. Este começa a editar no Porto mais um jornal, A República Portuguesa, logo no inicio do mês de Setembro, onde Pais Pinto também terá escrito alguns artigos só que não deviam estar assinados, já que ele confessou esse facto durante o julgamento a que foi submetido após o seu envolvimento na revolta de 31 de Janeiro.

[Nota: A imagem foi recolhida no Almanak do Mundo para 1908, Tip. do Jornal O Mundo, Lisboa, 1907, p. 226. Clique na imagem para aumentar]

[Em continuação]

A.A.B.M.

JOÃO PAIS PINTO(conhecido Abade de S. Nicolau – Porto) - PARTE I

Deixamos aqui algumas notas biográficas sobre uma figura que conseguiu algum relevo dentro do Partido Republicano, em particular por conseguir conciliar algo que era muito difícil na época, a religião católica e o pensamento positivista dos republicanos.
Estas notas foram recolhidas há já alguns anos, resultam de um trabalho de pesquisa que nunca foi publicado. Aqui apresentamos um resumo dos dados biográficos recolhidos com base no referido texto.

Os primeiros elementos contraditórios surgem quanto ao seu local de nascimento. Para uns foi Silgueiros [Portugal: Dicionário Histórico, Corográfico, Biográfico, Bibliográfico, Heráldico, Numismático e Artístico, (dir.de Esteves Pereira; Guilherme Rodrigues), vol. V, Lisboa, João Romano Torres & Cª Editores, 1911, p. 369.], para outros foi em Cabanas de Viriato [ Luís Derouet, J. Ramos , Album Republicano, Vol. I, Lisboa, 1907-1910], sendo o primeiro que nos parece mais provável, sobretudo por aquilo que nos é transmitido pela certidão de idade emitida na época.

Nasceu a 1 de Janeiro de 1855 no lugar de Casal Juzão, na freguesia de Cabanas de Viriato que era uma das freguesias do concelho de Carregal do Sal, mas terá sido naturalizado em Silgueiros.
O nome do pai era José Maria Pinto e a mãe Maria Delfina, residentes em Casal Juzão. Recebeu o baptismo na freguesia de Silgueiros a 10 de Janeiro do mesmo ano e foram seus padrinhos António Dias de Figueiredo natural e morador em Casal Juzão, e Maria Cândida, casada e moradora em Silvares [ AUC - Livro de Certidões de Idade (1834-1900), Vol. LXII, (org. de João Narciso e João Xavier), fl. 24]. Em Viseu terá iniciado os seus estudos no Seminário e tido como seu professor o famoso bispo e político de Viseu D. António Alves Martins.

Mais tarde João Pais Pinto desloca-se para Coimbra onde frequentará primeiro a Faculdade de Teologia [ Esta informação foi recolhida na obra Portugal: Dicionário Histórico, Corográfico, Biográfico, Bibliográfico, Heráldico, Numismático e Artístico, (dir. de Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues), vol. V, Lisboa, João Romano Torres & Cª Editores, 1911, p. 369. No entanto, a consulta do Livro de Matrículas, na Faculdade de Teologia e no Arquivo da Universidade não faz referência a nenhuma outra matrícula da mesma pessoa noutro curso que não o de Direito de 1878 a 1883] e mais tarde a Faculdade de Direito (1878-1883). Aí vai contactar com personalidades e ideias avançadas para a época, donde vai retirar alguns ensinamentos. Estes vão-lhe permitir mais tarde tomar posições públicas favoráveis ao republicanismo e à democracia, distinguindo também o padre do cidadão.

Em 1877 toma as ordens de presbítero e dois anos depois é-lhe confiada a missão de dirigir espiritualmente o Convento de Santa Clara em Coimbra. Em 1878 [ Cf. Livro de Matrículas da Universidade de Coimbra, Livro 101 (1878-1879), fl. 35, nº 39. Neste é possível determinar quais os exames que tinha obtido aprovação e o que aprendiam os elementos do clero em Portugal. Aprendiam as disciplinas de Português, tradução de Francês, Latim, Latinidade, Filosofia Racional e Moral, Oratória, História, Geografia e Cronologia, Geometria e Introdução à História Natural dos Três Reinos.] matricula-se na Faculdade de Direito. Nessa altura constava no seu acto de matrícula, efectuada em 2 de Outubro de 1878, uma Certidão de Idade e outra dos Exames que tinha efectuado às diferentes disciplinas que compunham o seu estudo.

Inicialmente ele possuía a categoria de capelão adjunto e só obtém a confirmação de capelão efectivo por Despacho de 28 de Janeiro de 1879. Sendo portanto a partir daí que ele se instala no Convento de Santa Clara. Esta circunstância permite-lhe dedicar-se aos estudos e às actividades pastorais. Dirige então algumas associações de beneficência e de auxílio aos pobres, especialmente a Conferência de S. Vicente de Paulo.

A Conferência de S. Vicente de Paulo foi fundada em Coimbra nos finais de 1880, impulsionada pelo Padre Senna Freitas e dirigida por Paes Pinto até 1882. Tinha como sede o antigo convento dos Grilos que pertencia a António de Forjaz. [Cf. Anónimo, “Missa e Sermão”, A Ordem, Coimbra, 14-06-1882, Ano IV, nº 396, p.4, col. 3. Cf. também Anónimo, “Festa de S. Vicente de Paulo”, A Ordem, Coimbra, 07-12-1882, Ano V, nº 420, p. 2, col. 4. Cf. também Pe. Senna Freitas, Ao veio do tempo (Ideias, Homens e Factos), Lisboa, Parceria António Maria Pereira Livraria Editora, 1908, p. 267-282. Curiosamente nunca chega a mencionar o nome de Pais Pinto que era referenciado pela imprensa da época como tendo sido o primeiro presidente da Conferência de S. Vicente de Paulo em Coimbra]. Promove também uma peregrinação de estudantes de Coimbra ao Santuário do Sameiro a 23 e 24 de Agosto de 1882.

A Peregrinação Académica ao Sameiro foi realizada com grande intervenção de Pais Pinto que dos 60 peregrinos que conseguiu arrastar, 30 eram congregados académicos de Maria em Coimbra reunidos por Pais Pinto. Apesar de os peregrinos serem em número relativamente reduzido, teve bastante impacto na população, que, segundo as notícias que A Ordem transmitiu, teria a cerca de 5000 pessoas a esperá-los em Braga. [Cf. Anónimo, “A Peregrinação Académica de Coimbra”, A Ordem, Coimbra, 26-08-1882, Ano, IV, nº 390, p. 3. col. 1]. Tendo durante este período de estudante vivido, primeiro no Bairro de S. José e posteriormente no Convento de Santa Clara.

Entre os seus colegas no curso de Direito figuram nomes Luiz Osório da Cunha Pereira de Castro, Manuel da Silva Gaio, António de Almeida, José Maria Pereira Forjaz de Sampaio, António Joaquim de Castro Feijó, entre muitos outros. Encontram-se aqui alguns nomes que se tornarão conhecidos como poetas, escritores e jornalistas.

[Em continuação]

A.A.B.M.

segunda-feira, 6 de abril de 2009



CONGRESSOS DO PARTIDO REPUBLICANO EM PORTUGAL
Notas para uma cronologia

No ano em que se assinala o centenário do Congresso Republicano de Setúbal, convém recuperar algumas notas sobre a vida conturbada do partido até chegar ali. Foram vários congressos, alguns com episódios muito pouco edificantes, com grandes conflitos entre os principais elementos que compunham o Partido Republicano, em particular durante a década de oitenta do século XIX. As várias correntes que sempre conviveram dentro do partido tomaram posições completamente opostas e assumiram lideranças com opiniões completamente díspares acerca da tomada do poder e sobre a forma de exercer o poder.

Mesmo nos últimos anos da Monarquia Constitucional, quando se assiste ao aparecimento da chamada “geração do Ultimato” ou “geração activa”, encabeçada por Afonso Costa, não foram congressos unanimistas, embora o discurso dominante fosse da unidade do partido em torno de meia dúzia de questões onde o discurso republicano conseguia apresentar alguma abrangência.

No caso do Congresso de Setúbal, entre 23 e 25 de Abril de 1909, assumiu particular relevância porque se sabe que foi durante os dias da sua realização, que se reuniram, secretamente, algumas das principais figuras do partido e se chegou à conclusão que a via revolucionária era a opção para conquistar o poder. Certamente que alguns dirigentes já tinham isso assumido havia algum tempo, mas outros só nessa altura foram convencidos deste facto e Setúbal torna-se determinante porque se organiza uma comissão paralela e com ligações ao Directório, à Maçonaria e à Carbonária para conseguir derrubar a Monarquia Constitucional e implantar a República.

Vejamos então uma cronologia dos congressos:

3 de Abril de 1876 - Eleito o primeiro Directório do Partido Republicano.

3 de Fevereiro 1879 - É eleita uma nova direcção do Partido Republicano que passa a compor-se de Oliveira Marreca, Latino Coelho, Sousa Brandão, Bernardino Pinheiro e Eduardo Maia.

18 - 21 de Junho de 1883 – Congresso do Partido Republicano em Lisboa, nas salas do Clube Henriques Nogueira, onde se tentou unir as várias facções do Partido Republicano: federalistas, unitários e patriarcas. Este será considerado o primeiro congresso do Partido Republicano.

28 - 31 de Julho de 1887 – Congresso do Partido Republicano em Lisboa.

18 - 22 de Dezembro de 1887 - Congresso do partido republicano no Porto (Congresso Extraordinário).

5 a 7 de Janeiro de 1891 - É inaugurado, no Associação Escolar Fernandes Tomás, em Lisboa, o congresso do Partido Republicano Português, o qual terminaria dois dias depois, com a aprovação do programa do partido.

2 de Março de 1895 - Sexto Congresso do Partido Republicano, em Lisboa. A polícia impede a reunião.

5 de Setembro de 1897 – VII Congresso do Partido Republicano em Coimbra.

18 - 19 de Novembro de 1899 - VIII Congresso do Partido Republicano, em Lisboa.

5 - 6 de Janeiro de 1902 - IX Congresso do Partido Republicano: Realiza-se em Coimbra o 9.º Congresso do Partido Republicano, que aprova uma nova lei orgânica, indicando António José de Almeida, que era médico em S. Tomé, para integrar o Directório.

29 – 30 de Junho 1906 – X Congresso do Partido Republicano, no Porto.

29 – 30 de Abril de 1907 – Congresso do Partido Republicano.

25 Abril de 1908 – Congresso do Partido Republicano em Coimbra.

24 e 25 de Abril de 1909 - Congresso do PRP em Setúbal, com ascensão dos carbonários à direcção e apoio ao programa de derrube da monarquia pela via revolucionária

29 e 30 de Abril de 1910 - Congresso do Partido Republicano no Porto.

[Nota Importante: Comparando diferentes fontes, Almanaques, Cronologias ou Histórias de Portugal verificou-se que existem variadas discrepâncias acerca das datas e locais identificados, agradecem-se melhores esclarecimentos.]

[Em continuação]

A.A.B.M.

sexta-feira, 3 de abril de 2009


BLOG - REPÚBLICA 100 ANOS

A caminho do Centenário da República - retomando o memorial, o património e a revolução da espiritualidade lusa para além da "bruma" - começam a surgir luminosos "objectos e imagens perdidas no tempo", como este Blog, que aqui arrolamos, nos proporciona. O repertório a consultar é diverso e os assuntos versados bem curiosos. Temos "imagens do quotidiano, objectos, fotos, livros e publicações” que ilustram "esse tempo" e que a essa época respeitam.

A seguir e ler, AQUI!

Foto (retirada d'aqui, com a devida vénia): curiosa e rara medalha oficial do Congresso Maçónico Internacional de 1914, que se deveria ter realizado nos dias 4 a 8 de Outubro em Lisboa, mas que foi adiado (e nunca se verificou) dado os acontecimentos políticos que decorriam na Europa [sobre o assunto, consultar, "Para a História da Maçonaria em Portugal. 1913-1935", Vega, 1976]. Diga-se que ocorreu, nesse mesmo ano, o Congresso Maçónico Nacional, realizado entre os dias 19 a 23 de Junho, na cidade do Porto, aliás com propostas e intervenções bem curiosas.

J.M.M.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

PRIMEIRO PROGRAMA DO PARTIDO REPUBLICANO

Este foi o programa apresentado no jornal A Democracia, de Lisboa, dirigido por Feio Terenas, em 1910.


(Clique na imagem para aumentar)

Um documento que fica ao dispor dos interessados.

A.A.B.M.

quarta-feira, 1 de abril de 2009


CHARLES DARWIN NA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

Amanhã, pelas 14.30h, na Academia das Ciências, vai realizar-se a penúltima sessão do ciclo de conferências dedicado ao cientista da teoria do evolucionismo. Assim, num painel intitulado Filosofia e Sociologia da Evolução, coordenado pelo académico José Luís Cardoso.

Serão apresentadas os seguintes trabalhos:

- Rui Vilela Mendes: Cooperação, Punição e Governo. Uma visão evolutiva.

- Michel Renaud: O recurso aos conceitos filosóficos de determinação, determinismo e finalidade na evolução filogenética e ontogenética.

- José Luís Cardoso: O Evolucionismo nas Ciências Sociais.

Mais uma actividade para assinalar o bicentenário de Charles Darwin.

Para os interessados consultar a programação completa deste ciclo de conferências AQUI.

A.A.B.M.

PROGRAMA DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

A amizade de JFSR, trouxe ao nosso conhecimento que foi publicado no passado dia 27 de Março, no Diário da República, o Programa das Comemorações do Centenário da República que pode ser consultado AQUI.

Por impossibilidade nossa, devido a afazeres profissionais, só agora nos podemos concentrar nas múltiplas actividades propostas na Resolução do Conselho de Ministros n.º 28/2009. Entre elas salientamos os quinze principais eixos de trabalho:

1 — Exposições do Centenário. — O eixo programático Exposições do Centenário, de importância central no quadro das Comemorações, visa articular a História com as dinâmicas da sociedade contemporânea e projectar desígnios futuros.
Uma das principais iniciativas das Comemorações será a realização de uma grande Exposição do Centenário da República, a ocorrer em Lisboa e no Porto (estando em estudo outros pólos), com o objectivo de celebrar acontecimentos fundamentais da I República e desenvolver, nomeadamente através dos núcleos que a integram, um conjunto significante de temas a tratar de forma mais específica. [...]

2 — República nas Escolas. — Ao longo das Comemorações do Centenário, o tema da República deve ser um tema forte nas escolas, promovendo -se a sua criatividade e
o seu dinamismo, quer no âmbito da disciplina de História, quer em projectos extracurriculares de carácter cultural e recreativo.
[...]

3 — República e Academia. — O Programa do Centenário incluirá um conjunto de iniciativas no espaço do ensino superior, integradas no eixo programático República e Academia, o qual faz apelo ao dinamismo das instituições envolvidas.

4 — República das Letras. — A República das Letras será um eixo programático dedicado ao conhecimento e divulgação das manifestações literárias e jornalísticas do tempo da I República e da sua relação com o republicanismo. [...]

5 — República e Ciência. — O eixo programático República e Ciência, no quadro das Comemorações do Centenário da República, visa promover a compreensão histórica da herança republicana em matéria de projecção de um programa vasto e ambicioso, que colocava no seu cerne o fomento de uma cultura científica; dar a conhecer a história da ciência durante a I República, observada nas suas múltiplas dimensões numa perspectiva metodológica de abordagem integrada, e proporcionar uma percepção da centralidade da ciência no actual paradigma de desenvolvimento das sociedades contemporâneas e dos desafios e das implicações crescentes que suscita nos planos político,ético e socioeconómico. [...]

6 — República e Cidadania. — As grandes mudanças à escala nacional e internacional ocorridas nas últimas décadas constituem desafios ao pensamento e aos regimes republicanos. Novos temas têm sido equacionados pelo republicanismo, como por exemplo, as emigrações e os fenómenos da multiculturalidade, os direitos e a participação das mulheres na vida política, a separação entre público e privado, a regulação dos mercados, a ética de serviço público. [...]

7 — República nos Municípios. — A presença dos municípios portugueses é essencial para as comemorações do Centenário. De facto, a celebração da República não pode ignorar um dos desígnios fundamentais do ideário republicano: o municipalismo, entendido como princípio constitutivo da descentralização administrativa. Por outro lado, a concretização de algumas das dimensões de um programa comemorativo, que se pretende que seja concebido e executado numa relação de proximidade com as populações, implica uma concertação de acções com as autarquias, designadamente com as câmaras municipais. Todos os municípios são convidados a ter os seus próprios programas, da mesma forma que poderão participar nas acções previstas à escala nacional. [...]

8 — República nas Regiões Autónomas. — Os nexos entre República e descentralização e entre República e democratização do Estado, como valores do projecto político republicano, estão reflectidos neste programa comemorativo do Centenário da República,o qual,por essa razão,não poderia deixar de valorizar a autonomia regional. [...]

9 — República e Lusofonia. — O eixo programático República e Lusofonia visa valorizar a relação de Portugal com o mundo lusófono na História da República.[...]

10 — Arte e Espectáculos. — O eixo programático Arte e Espectáculos estrutura a programação cultural das Comemorações do Centenário. Pretende -se criar uma identidade forte das Comemorações e contribuir para divulgar, junto do grande público, os propósitos do Centenário e os valores que se comemoram. [...]

11 — Jogos do Centenário. — O eixo programático Jogos do Centenário compreende várias manifestações de natureza desportiva, lúdica e cultural. Pretende -se sublinhar o desenvolvimento que o desporto conheceu em Portugal com a emergência e evolução da República, celebrar os seus valores mais nobres e estimular a participação nas Comemorações da população em geral e dos jovens em particular. [...]

12 — República nos Media. — O eixo programático República nos Media desenvolve um desafio lançado aos diferentes grupos de comunicação social, e respectivos
profissionais, no sentido de se associarem às Comemorações.
O Centenário da República é,sem dúvida,uma excelente oportunidade para a elaboração de documentários e outros produtos audiovisuais, bem como de roteiros e trabalhos jornalísticos ou de divulgação dedicados à história da I República e do republicanismo
.[...]

13 — Portal Centenário da República. — As Comemorações do Centenário da República terão presença e visibilidade na Internet através de uma estrutura de portal, agregador de todos os conteúdos relacionados com as Comemorações.
Este Portal será dotado de várias aplicações,permitindo o acesso a informação dirigida a diferentes grupos alvo e contendo fluxos de informação distintos(desde simples consumidores de informação até produtores de conteúdos, passando por participantes em comentários e outras relações de interactividade)
.[...]

14 — Edições e outras iniciativas. — O Programa do Centenário prevê o desenvolvimento de um programa editorial em parceria com várias editoras,composto pelos seguintes conjuntos:
Álbuns comemorativos;
Catálogos das principais exposições;
Roteiros republicanos;
Inventários/roteiros de fontes e bibliografia;
Reedição de fontes;
Estudos sobre a história da I República e o republicanismo.
[...]

15 — Cerimónias Comemorativas.—O início oficial das Comemorações do Centenário da República terá lugar com a realização de uma cerimónia a realizar no dia 31 de
Janeiro de 2010.
As principais cerimónias e actividades comemorativas,a realizar em Lisboa,Porto e outras cidades,decorrerão nos dias 3,4 e 5 de Outubro de 2010 e serão objecto de um programa específico,a elaborar mediante articulação entre os diferentes órgãos de soberania e as câmaras municipais envolvidas.
[...]

O programa também pode ser consultado na página institucional da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República AQUI

Sendo um extenso programa, com muitas cambiantes, para tentar agradar a um público vasto, aguardemos então pelas iniciativas em concreto que arrancam em Setúbal no próximo dia 18 de Abril de 2009, para assinalar o centenário do Congresso do Partido Republicano realizado em Setúbal onde se decidiu arrancar para preparação da revolução.

A.A.B.M.