sábado, 8 de janeiro de 2011

AS NOSSAS TRÊS ESCOLHAS DE 2010

Após um ano de comemorações de um Centenário que ainda continuam, o Almanaque Republicano renova a sua escolha dos melhores livros da historiografia contemporânea portuguesa, tal como temos vindo a fazer desde 2006, em 2007, em 2008, 2009 e agora 2010. Em primeiro lugar deve-se salientar a dificuldade em seleccionar do conjunto de publicações deste ano. Houve uma grande quantidade de obras e algumas de muita qualidade. A tarefa de escolher é sempre pessoal e tornou-se necessário deixar de lado alguns títulos que merecem uma referência como a edição fac-similada da obra de Hermano Neves, os catálogos das exposições promovidas pela Comissão do Centenário, entre vários títulos. No caso dos catálogos, alguns com textos de enquadramento e estudos interessantes, mas sobretudo com uma enorme riqueza iconográfica, percorrendo arquivos oficiais, privados, pessoais e deixando a sua marca. Outro aspecto importante a salientar nas Comemorações do Centenário da República para além das centenas ou milhares de eventos, conferências, colóquios, teatro, livros, folhetos, catálogos, exposições, roteiros e tudo o resto, é analisar as consequências que estas comemorações tiveram. Como é óbvio não conseguimos ter acesso a muitos deles, especialmente os de âmbito local, agradecemos mesmo, como já solicitamos em diferentes momentos, que alguns dos nossos amigos nos dessem colaboração, nos fizessem chegar algumas das obras ou pelo menos o conhecimento de que elas foram publicadas. Um dos aspectos importantes que vão permanecer são as novas leituras sobre os acontecimentos. Passemos então às nossas escolhas para este ano: Em primeiro lugar colocamos aquela que consideramos uma obra fundamental para estudar a evolução da ideia republicana em Portugal. O trabalho do Prof. Fernando Catroga, O Republicanismo em Portugal. Da Formação ao 5 de Outubro de 1910, Casa das Letras (reed.), já várias vezes citado no Almanaque Republicano, é uma das nossas obras de referência sobre este assunto, a par, não podemos esquecer, das obras do Prof. A. H. Oliveira Marques, particularmente o Guia de História da 1ª República, sempre de consulta obrigatória e muitas vezes de proveitosa leitura, mas a necessitar cada vez mais de uma actualização, ou ainda o trabalho do Prof. Amadeu Carvalho Homem, A Ideia Republicana em Portugal. O Contributo de Teófilo Braga. A investigação realizada, a quantidade e qualidade das fontes e o rigor conceptual são as marcas fundamentais desta obra agora reeditada. A interpretação, análise e compreensão dos acontecimentos são acompanhados por uma excelente problematização da questão em Portugal, apontando propostas, pistas de interpretação, bibliografia e fontes a sustentar as suas teses. Na segunda posição, o estudo do Prof. António José Telo, A Primeira República (I). Do Sonho à Realidade, Editorial Presença, onde o investigador retoma os seus estudos sobre a temática da República. Depois de ter publicado O Sidonismo e o Movimento Operário Português. Luta de Classes em Portugal, 1917-1919, já no distante ano de 1977 e de ter publicado também a Decadência e Queda da 1ª República, em dois volumes, entre 1980 e 1984. Este trabalho, no seu primeiro volume, procura sobretudo uma interpretação de base económica e social para explicar a decadência interna do regime monárquico. Reconhece a própria República como “um regime bizarro e cheio de paradoxos”, com toda a instabilidade e problemas que tem que enfrentar com uma pluralidade de propostas de solução que não conseguem vingar, nem conseguem impor-se entre todas as convulsões que vão enfrentar. O regime procura alcançar os sonhos de alguns, com promessas que dificilmente se concretizariam e rapidamente a esperança se transformou numa profunda desilusão. Em terceiro lugar, escolhemos a obra do Professor António Ventura, a mais volumosa. O principal motivo da escolha desta obra é o servir para compilar, reunir e recuperar alguns dos textos sobre a época que estavam em difícil acesso ou, muitas vezes, já perdidos em algumas bibliotecas públicas. O 5 de Outubro por quem o viveu. Reportagens, Depoimentos e Relatórios, Livros Horizonte, refere o Professor António Ventura, É uma recolha de textos de diversa natureza, de protagonistas da revolução, pessoas que participaram activamente na revolução, outros de figuras de segundo plano e outros até de pessoas que a história não consagrou. Um trabalho de recolha e preservação da memória dos acontecimentos em diferentes leituras, em especial de figuras que depois foram ficando esquecidas. Para o próximo ano haverá novas escolhas. A.A.B.M.

1 comentário:

Julio-Debate Popular disse...

Muito sucesso das eleições nos livros. Saudações