sábado, 30 de junho de 2007

CENTRO PROMOTOR DE MELHORAMENTOS DAS CLASSES LABORIOSAS (PARTE II ) - O JORNAL DO CENTRO


Publica o Centro Promotor, em 1853, o "Jornal do Centro Promotor" [saía aos sábados]".

I série nº 1 [12 Fevereiro 1853] ao nº32 (29 de Outubro de 1853); II série, nº 1 ao nº3 (16 de Maio 1854-1 de Julho 1854) [cf. Vítor de Sá, Roteiro da Imprensa Operária e Sindical, 1991 - ver Aditamento AQUI].

Colaboradores: Alcântara Chaves, António José Oliveira, C. Fernandes, Ferreira da Conceição, J. M. Baptista, João Maurício Veloso, José Maria António Nogueira, José Máximo Veloso, Manuel Gomes da Silva, Francisco Maria Vieira da Silva [importante operário tipógrafo, que foi presidente do Centro. Colaborou, anteriormente, no "Ecco dos Operários", fundado por Sousa Brandão e Lopes de Mendonça em 1850, órgão da Associação dos Operários de Lisboa. Morre a 10/06/1868].

Tinha o Centro Promotor uma biblioteca curiosa, que foi inaugurada e 14 de Janeiro de 1871, com livros provenientes de diversas instituições, do governo e de particulares.

O Centro esteve situado, primeiro no palácio da Rua dos Mouros, depois na Rua dos Calafates, Rua do Ferregial, Rua da Mouraria, Travessa da Assunção, Largo de S. Domingos, Rua da Madalena, Rua das farinhas e Poço de Borratém [cf. Goodolphim, 1974].

Com conflitos ideológicos e rivalidades internas entre os seus membros [vidé "O Sindicalismo em Portugal", de Manuel Joaquim de Sousa, Afrontamento, 1972], acaba o Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas em 1872. O trabalho e a "iniciativa empreendedora da instrução e organização dos operários" [cf. Joaquim de Sousa, 1972] são meritórios. Como nos diz Manuel Joaquim de Sousa [ob. cit.], "ali se redigiram estatutos, organizaram-se classes, fez-se trabalho de solidariedade humana e de educação social e associativa, desbravando-se terreno para sementeiras futuras".

J.M.M.

CENTRO PROMOTOR DE MELHORAMENTOS DAS CLASSES LABORIOSAS - PARTE I


A reunião para a fundação do Centro Promotor de Melhoramentos das Classes Laboriosas, que ocupa lugar relevante na "história das associações de Portugal" [Costa Goodolphim, in “A Associação”, Seara Nova, 1974] tem, primeiro, lugar na Associação dos Alfaiates e, em seguida, numa outra reunião na sala da Sociedade dos Artistas Lisbonenses, em 1852 [cf. Goodolphim, 1974]. Diz-nos Goodolphim que ao Centro "se deve o grande desenvolvimento social que tomaram as classes laboriosas".

O título foi proposta de José e Silva e os seus estatutos [ver "Estatutos do Centro ...", Impr. Nacional, 1853] foram aprovados por decreto de 16 de Junho de 1853. Foram “elaborados por F. M. de Sousa Brandão”. Reza os estatutos que o Centro tinha como finalidade "criar associações, difundir o ensino elementar e técnico, organizar presépios e asilos para os inválidos, estabelecer depósitos e bazares, propagar por escrito os conhecimentos de economia industrial e doméstica, aperfeiçoar os métodos de trabalho, ...”" [ibidem]. Posteriormente os estatutos foram "reformados" em "sessão de 19 de Outubro de 1870". Daí resultaria o aparecimento de comissões, "associações de classes" ou de "instrução”", porém os "novos estatutos" nunca foram aprovados pelo governo.

Foram presidentes: António Rodrigues Sampaio (até 1863) e depois Francisco Maria Vieira da Silva.

Refira-se [cf. Goodolphim, 1974] algumas curiosas acções que patrocinaram: organização de uma comissão promotora das associações operárias, em 1853 [participação de Lopes de Mendonça, Vieira de Silva, Sousa Brandão, Oliveira Pimentel, A. Roxo, F. Gonçalves, Gomes da Silva]; debate para a criação de "um albergue para os inválidos do trabalho", 1863; discussão sobre a "questão alimentícia", "organização de creches", 1865; proposta de protecção da literatura nacional "e que os diplomas das universidades espanholas fossem valias em Portugal", 1869; etc [vidé, Goodolphim, 1974]

Em 1872, o Centro toma o rumo socialista e dirige um Manifesto [apresentaremos um curto excerto], que pela importância das suas propostas (na economia, no ensino, no trabalho, etc) tiveram eco no País e no estrangeiro. Como curiosidade, registe-se que participaram nos vários debates sob iniciativa do Centro, figuras como Antero de Quental, Azevedo Gneco, Casal Ribeiro, Felizardo Lima, Fontes Pereira de Melo, Gomes da Silva, João Bonança, João de Sousa Amado, José Fontana, José Mesquita da Rosa, Júlio Máximo Pereira, Lúcio Fazenda, Miguel Carvalho, Nobre França, Oliveira Martins, Silva Viana, entre muitos.

Como resultado do seu trabalho e da importância revelada, o Centro é considerado, mesmo pelo próprio governo, como "o centro das associações operárias" [ibidem].

[a continuar]

J.M.M.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

IMPRENSA REPUBLICANA NO DISTRITO DE AVEIRO (I)

Através das fontes por nós compulsadas, e foram, como se pode depreender algo limitadas, encontramos os seguintes doze (12) jornais republicanos nos concelhos de Águeda, Aveiro, Castelo de Paiva, Ovar e Santa Maria da Feira. Nos restantes concelhos do distrito, só após a implantação da República surgem jornais com esta feição.
Hoje apresentaremos os jornais se Águeda e Aveiro, nos próximos dias conta dos restantes.

ÁGUEDA
1 - Doze de Agosto [número único]
Tipografia Comercial
Jornal dedicado a José Estêvão Coelho de Magalhães.
Publicado em 12 de Agosto de 1889, 8 pag. Formato 33c×24,5c. Impresso com tinta azul.
Publicação dedicada á memoria do eminente tribuno parlamentar José Estêvão Coelho de Magalhães, pela redacção do jornal Constituinte e pela academia aveirense, com o retrato do homenageado (12c×10c), cuja falta foi muito sentida na região de Aveiro, ao qual prestara inestimáveis serviços.
Colaboração de diversos homens de letras, sendo o primeiro artigo da pena de Manuel de Arriaga; seguindo-se-lhe os de Serafim Loureiro, Manuel Ribeiro de Figueiredo, Vidal Oudinot, Emídio Garcia, Alexandre da Conceição, Virgínia da Conceição, Horácio de Araújo Nogueira e Mello, Rodrigues Davim, Augusto Martins, Francisco Regalo Júnior, J. Ferreira da S. e Castro, José Vidal, Cunha e Costa ,Bernardo Simões de Carvalho, Manuel dos Santos e Silva, Bento Guimarães Júnior. [cf. Inocêncio]

2 – Independência de Águeda
Director: Eugénio Ribeiro.
Iniciou publicação em 4-1-1904.

3 - O Trinta Diabos, folha independente, jocosa e noticiosa [tendência republicana?]
Publicou-se a partir de 6-1-1886.


AVEIRO

4 – O Chicote
Semanário republicano.
Iniciou publicação em 8-5-1886.


5 – O Democrata
Semanário, órgão oficial do Partido Republicano no Distrito de Aveiro.
Director e Redactor principal: Dr. André dos Reis.
Administrador: Bernardo Torres
Colaboradores: Albano Coutinho, Fernandes Costa, Samuel Maia, entre muitos outros.
O 1º número publicou-se em 6-3-1908. Também pode ser consultado online, neste sítio

6 – Folha Nova
Semanário republicano.
Redactor: Arnaldo Ribeiro
Inicia publicação em 1904.


7 – Jornal de Aveiro, subtítulo: folha do povo e para o povo
Semanário Republicano
Sede: Rua do Sol
Inicia publicação em 27-2-1898. Pode ser consultado aqui


8 – A Locomotiva
Órgão dos empregados dos caminhos-de-ferro portugueses, de feição republicana e socialista.
Colaboradores: Gervásio Lobato, Luís de Magalhães, Alexandre da Conceição, Augusto Fuschini, Jaime e Sebastião de Magalhães Lima, Marques Gomes, Joaquim Pedro Oliveira Martins, entre outros. Ja nos tínhamos referido a esta publicação aqui e pode ser consultado aqui


9 - Povo de Aveiro
Dir. Francisco Manuel Homem Cristo
Colaboradores: Teófilo Braga, Magalhães Lim e quase todas as grandes figuras do Partido Republicano.
Iniciou publicação em 29-1-1882 até 1892; em 19-8-1899 surge nova série e o jornal termina em 1941, na série IV, ano 59, nº 684 de 29 de Junho.


A.A.B.M.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

IMPRENSA REPUBLICANA ATÉ AO FINAL DA MONARQUIA

 Procuraremos a partir de agora e durante os próximos dias dar alguns contributos para a divulgação dos periódicos que seguiam o credo politico republicano até ao final da Monarquia. Propomo-nos simplesmente elaborar uma listagem dos muitos jornais republicanos que existiram em Portugal, particularmente aqueles menos conhecidos e que nas pequenas localidades foram realizando um trabalho de divulgação das ideias, das propostas, as críticas, a organização, as polémicas e os líderes de opinião da época.

Não procuraremos realizar nenhum estudo alongado, são simplesmente notas para dar a conhecer que nas diferentes localidades de Portugal, antes da República, muitas vezes existiu, mesmo que efemeramente, um pequeno jornal local, que fazia eco das mensagens políticas do Partido Republicano. Quando seja possível procuraremos elaborar pequenas fichas síntese sobre os jornais com as indicações esseciais para quem queira realizar alguma investigação.

Haverá certamente correcções a fazer, acrescentos posteriores, lapsos, mas é algo inovador que até agora não foi ainda feito, pelo menos que seja do nosso conhecimento. Como sabemos antecipadamente que haverá omissões, lapsos e falhas nas nossas fontes, solicitamos também o auxílio daqueles que nos lêem para completar os dados.

Amanhã vamos iniciar as nossas pesquisas pelo distrito de Aveiro, seguindo depois por ordem alfabética até terminarmos nos distritos das regiões autónomas.

[Foto de Carlos Alberto Lima in Arquivo Fotográfico]

A.A.B.M.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

JORNAL "O COMUNISTA" [1921]


O Comunista

Semanário, porta-voz oficial do PCP, I série, Ano I, nº1 (16 de Outubro de 1921) ao nº 7 (27 de Novembro de 1921). Propriedade do grupo Editor O Comunista. Editor: José Rodrigues. Administrador: Nascimento da Cunha. Secretário de administração: Caetano de Sousa. Redactor principal: Manuel Ribeiro. Colaboradores: Carlos Rates, José Pires Barreira, José da Silva Oliveira, Manuel Ribeiro, Vieira da Cruz, Redacção e Administração: R. do Arco do Marquês do Alegrete, 30, 2º, Lisboa. Composto e Impresso na Rua do Século, 150, Lisboa. Suspende-se para reformulação, seguindo as directrizes da III Internacional [cf. Ventura, "Imprensa comunista em Portugal, no período de 1919-1921", Seara Nova, nº1580, de Junho de 197.

II série, Publicação quinzenal, Ano I, nº1 (10 de Maio de 1923) ao nº? (1926). Propriedade do Centro Comunista de Lisboa

[inaugurado a 9 de Outubro de 1921 e de que fizeram parte, por exemplo, Acácio Augusto, Alberto das Neves, Artur Vieira Bastos (afastado em 1924), Bernardino dos Santos, Caetano de Sousa, Carlos de Araújo (adere mais tarde à União Nacional), Dinis Rocha, José de Almeida, Júlio Pereira, Sobral de Campos (refª O Comunista, I série, nº1, p.3)]

Editor: José Rodrigues (depois Joaquim Rodrigues). Director: J. Carlos Rates (depois M. Ferreira Quartel). Redactor principal: Carlos Rates. Redacção e Administração: Rua do Conde das Antas, 51, r/c, Lisboa. Composição e impressão, Rua da Procissão. 78, 1º.

"... O Comunista é a trombeta clangorosa que chama às armas as inumeráveis forças dispersas do proletariado, para as formar, enquadrar, disciplinar e levar ao combate. As sua notas atingem a ressonância terrificante do trovão e a harmonia sublime dos requebros e violino. Como uma força cósmica, vibra a sinfonia da dinâmica social, - orquestrando o martelar estridente das oficinas, o rodar monótono e suporifero da maquinaria fabril, o som cavo e lúgubre da enxada penetrando a terra, os queixumes nostálgicos das casernas, as canções saudosas dos homens do mar e os compassos de silêncio do intelectual em suas lucubrações, solícito por penetrar a natureza das sua sombras (...)

Armado, exclusivamente, com a chave da inconfundível Verdade, O Comunista dispensa a bagagem literária. Como o plebeu Mário repetirá que as bonitas frases são necessárias para os que pretendem encobrir com elas as suas infâmias. O seu nome é por si só todo um programa. A sua dialéctica é a acção. A coerência é a sua lógica ..."

[Caminhemos, in O Comunista, Ano I, nº1, 10 de Maio de 1923, aliás in Antologia Imprensa Operária Portuguesa, P&R, 1984]

J.M.M.

terça-feira, 26 de junho de 2007

TERTÚLIAS DA REVISTA HISTÓRIA



Amanhã, 27 de Junho de 2007, pelas 18.30 h, o professor Fernando Martins vai realizar novamente um espaço de conversa no Fórum da FNAC ao Chiado, em Lisboa.

Desta vez vai tratar-se do problema do Médio Oriente com uma conferência intitulada Estado Novo e Médio Oriente. Petróleo e Política Colonial (1956-1973), assunto tão actual como nos mostram as imagens dos meios de comunicação social. Neste caso irá ser abordado o período conturbado da afirmação do estado judaico e do surgimento dos movimentos armados palestinianos, da guerra dos seis dias e o início das crises petrolíferas. Como é que Portugal viveu essa época e se relacionou com aquela região?

Mais uma interessante iniciativa da Revista História, a que o Almanaque Republicano não podia deixar de divulgar, com votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

CONGRESSO DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS (1914)


Congresso das Associações Comerciais e Industriais (1914)

"O presidente do Conselho, Bernardino Machado, com Eduardo Burnay e operárias, na Companhia dos Tabacos, por ocasião do congresso das Associações Comerciais e Industriais"

Foto de Joshua Benoliel (atr.), in Arquivo Fotográfico.

J.M.M.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

MUSEU DA REPÚBLICA EM AVEIRO


MUSEU DA REPÚBLICA EM AVEIRO

Tomamos hoje conhecimento através do Público, de que o projecto que existia para a criação de um Museu da República em Aveiro acabou por não se concretizar.

A Câmara Municipal de Aveiro devolveu o espólio que o Doutor António Pedro Vicente tinha doado para a constituição do referido museu. Segundo alguns especialistas este espólio é classificado por especialistas como a maior colecção de documentos sobre a vida política e a propaganda partidária da Primeira República, ombreando, segundo uns, superando segundo outros, a colecção do falecido historiador Oliveira Marques.

Lamentamos tal facto. Mais uma vez se verifica a pouca importância que as instituições públicas e privadas dão à manutenção da memória de determinados momentos. O mecenato cultural ainda continua a ser, quase exclusivamente, para o património edificado e realizado de forma muito pontual.

A quinzena de anos que este processo demorou até este desenlace manifesta também uma dificuldade extrema dos organismos estatais em tomarem determinadas decisões. Por outro lado, é fundamental em nossa opinião que o espólio iniciado pelo Dr. Arlindo Vicente e continuado pelo Doutor António Pedro Vicente não se perca e possa ser facultado e preservado para tratamento e investigação, como temos conhecimento que estava a acontecer.

A História continua a ser um campo de trabalho muito mal tratado, e, muitas vezes, só se faz devido ao gosto de alguns historiadores e outros pseudo-historiadores pelo seu labor.

A.A.B.M.

A. H. DE OLIVEIRA MARQUES [1933-2007] - MOSTRA DOCUMENTAL


Mostra Documental - A. H. de Oliveira Marques (1933-2007)

A Biblioteca Nacional apresenta - de 21 de Junho a 14 de Setembro de 2007 na Sala de Referência - uma Mostra Documental sobre o prof. A. H. de Oliveira Marques, recentemente falecido (23 de Janeiro de 2007).

A Exposição pode ser vista ao longo da semana (das 10h às 19h) e, também, ao sábado (10h às 17h) na Sala de Referência da Biblioteca Nacional.

Ler mais aqui.

J.M.M.

BANDEIRA VERMELHA [1919-1921]


Bandeira Vermelha

António Ventura publicou na Seara Nova [nº1580, de Junho de 1977] um texto sobre a "Imprensa comunista em Portugal, no período de 1919-1921", que iremos acompanhar nesta breve nota sobre o importante periódico constituído por "destacados militantes sindicalistas", intitulado "Bandeira Vermelha".

É-nos dito por António Ventura que, muito embora outros periódicos "tomaram uma posição favorável até certa altura à revolução russa" [caso dos jornais anarquistas, "Sementeira", "A Batalha" e a "Aurora Social"], foi o semanário "Bandeira Vermelha"

[semanário editado pela Federação Maximalista Portuguesa, I série, Ano I, nº1 (5 de Outubro de 1919) ao nº? (19 de Junho de 1921), e seu porta-voz - note-se que o P.C.P. é fundado em Março de 1921 (vidé a ligação entre a então Federação Maximalista Portuguesa e o PCP em "Contribuição para a história do Partido Comunista Português na I República 1921-1926", de José Pacheco Pereira, Análise Social, 67-68, 1981).

Editor: Jaime Neves Guimarães (depois José Rodrigues). Director: Manuel Ribeiro (que era o Secretário Geral da Federação). Redactores e colaboradores: António Lopes Jorge, António Peixe, Caetano de Sousa, Carlos Rates, Dinis Rocha, Ferreira Quartel, Manuel Ribeiro, Marcelino da Silva, Sobral de Campos. Redacção e Administração: Rua Arco Marquês do Alegrete, 30, 2ºDto, Lisboa. Composição e impressão, Tipografia Rua do Século]

o "primeiro órgão de Imprensa de uma organização que inscreve no seu programa não só a defesa e divulgação dos ideias de Outubro, mas também a luta por alguns desses objectivos" [cf. Ventura, 1977].

Registe-se que "Bandeira Vermelha" publicou os Estatutos da Federação Maximalista Portuguesa no seu nº1 [vidé José Pacheco Pereira, "Questões sobre o movimento operário português e a revolução russa de 1917”, Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971"] e deu a conhecer importantes artigos de "Lenine, Trostky, Suvarine, Lunatcharsky, Rosa Luxemburgo, K. Liebknecht, Sadoul, Zinoviev e de quase todos os mais importantes teóricos comunistas da época" [cf. José Pacheco Pereira, "As lutas operárias contra a carestia de vida e, Portugal. A Greve Geral de Novembro de 1918", Textos de Apoio 2, Portucalense Editora, Agosto de 1971].

Não por acaso, "na prática, e até ao aparecimento do órgão oficial do referido partido [nota: PCP], ‘Bandeira Vermelha’ funcionará como seu órgão oficioso”. Aliás na fundação do PCP estão activos colaboradores do jornal, como Manuel Ribeiro, Carlos Rates, Caetano de Sousa ou Ferreira Quartel. Registe-se , como curiosidade, que o núcleo inicial no Porto do PCP cresce a partir do trabalho "infatigável" de Manuel Ferreira Torres [que posteriormente sai ou é expulso do PCP], manufactor de calçado e ex-anarquista [vinha do Centro Comunista Libertário], que vendia o semanário "pelas ruas da cidade, nos cafés, tabernas e nas assembleias sindicais" [cf. José Silva, "Memórias de um Operário", I vol., Livraria Júlio Brandão, Porto, 1971].

O periódico esteve suspenso de 5 de Dezembro a 17 de Abril de 1921, por motivo da forte repressão sobre os elementos da Federação Maximalista e, em especial, devido à prisão de Manuel Ribeiro [preso pelos artigos condenando a violência do governo na greve dos ferroviários]. Note-se que o seu primeiro número foi apreendido [cf. Ventura, 1977] e foi alvo de vários assaltos da polícia.

Surge, ainda, "Bandeira Vermelha" numa posterior II série (1925-1926), agora como órgão mensal da Federação das Células Comunistas do Porto, do PCP [cf. JPP, 1971].

J.M.M.

domingo, 24 de junho de 2007

FELIZARDO LIMA

Nasceu em Lisboa em 3 de Novembro de 1839, com o nome completo de Joaquim Felizardo de Lima Camelo Pereira da Silva de Sousa Castelo Branco Vilhena e Bourbon, mais conhecido por Felizardo de Lima. Era filho de Joaquim Maria de Lima Camelo Pereira da Silva e de D. Isabel Mafalda de Sousa Castelo Branco Manoel de Vilhena e Bourbon.

Realiza os primeiros estudos no Liceu de Lisboa e frequentou o primeiro ano da Escola Politécnica. Assentou praça em Infantaria nº 7(março de 1854), mas pediu baixa quando era furriel de caçadores nº 2 (1858).

Foi um dos iniciadores e secretário do Grémio Industrial, quando era presidente o conselheiro Fradesso da Silveira. Foi um dos primeiros elementos anti-monárquicos e socialistas do Centro Promotor dos Melhoramentos das Classes Laboriosas.

Foi um dos fundadores do jornal República Federal, um dos primeiros jornais republicanos que apareceu em Portugal. Pela mesma época funda também um dos primeiros centros republicanos que existiu em Portugal, o Centro Democrático. Foi também um dos primeiros seguidores da Internacional, juntamente com João Bonança.

Sendo escriturário na estação das Devesas, no Porto, foi um dos principais impulsionadores da greve do Caminho de Ferro do Norte e Leste, pelo que foi demitido.

Pertenceu ainda a diversas sociedades e agremiações de carácter popular como a Fraternidade Operária, do Porto, de que foi secretário geral. Colaborou em numerosas publicações como Portuguez, Federação, publicou e foi director do Ensaio Literário, colaborou nas seguintes publicações de feição literária como Murmúrio e Aurora; escreveu folhetins no Diário de Notícias, combateu o catolicismo no jornal Opinião Nacional. No Porto, redigiu os jornais Bom Senso(1873), A Bandeira do Povo (1887), O Amigo do Povo e O Radical (1888). Foi também durante bastante tempo redactor da Discussão, onde combateu as medidas da fazenda apresentadas por Mariano de Carvalho.

Na vila da Moita, onde foi professor, publicou um semanário intitulado A Instrução Primária(1864), foi professor particular em Fafe, foi ainda primeiro redactor do Comércio de Penafiel, enquanto esta publicação alinhou ao lado dos republicanos e socialistas. Após a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891 foi redactor do Democrata da Beira, de Lamego, onde viveu durante cerca de três anos e onde publicou ainda o jornal A Luz.

Escreveu ainda Vingar Regenerando (romance); A Felicidade ou a Miséria; O Registo Civil, carta ao Duque de Saldanha; Carta Aberta sobre a política Portuguesa; D. Fernando ou D. Carlos de Bourbon, quando da escolha do rei nas cortes constituintes espanholas; publicou ainda dois volumes de ciência popular sob o título geral de Biblioteca Geral de Instrucção Popular; Judeus, Cristãos e Maometanos perante a ciência; Apontamentos para a História do Proletariado; um Método de Ensino de Escrita e de Leitura (1861). Espalhou a sua colaboração por númeras publicações, especialmente as de carácter político ligadas ao Partido Republicano.

Devido às suas ideias começou a ser perseguido. A situação mais conhecida foi aquela que viveu quando era professor na Moita, tendo sido demitido pelo Ministério regenerador, devido à intransigência das suas ideias políticas. Sustentou algumas polémicas que lhe valeram as perseguições de uns e a admiração de outros. Devido às suas ideias e para sustentar a sua família vive de várias profissões como professor, tecelão, envernizador, auxiliar de construtor de pianos, como tipógrafo, como fabricante de meias de tear, de cartonagem, entre diversas actividades.

Em 1888 procurou criar o Partido Republicano Radical, na sequência das divisões crescentes entre republicanos desde o III Congresso do Partido Republicano de 1887, que tinha sido suspenso entre fortes tumultos. Porém, esta cisão quase só obteve adeptos na cidade do Porto. No entanto, desempenhou um papel fundamental a criação de condições para a revolta republicana de 31 de Janeiro.

Na sequência da sua acção através do jornal O Radical , Felizardo Lima propõe mesmo um novo programa federalista para o Partido Republicano, onde recuperavam os princípios federalistas, municipalistas e propondo a laicização crescente da sociedade.

Em 1889, estando empregado na construção do ramal do caminho de ferro entre Santa Comba Dão e Viseu, abandonou o lugar e partiu para o Porto, porque tomou parte no movimento patriótico provocado pelo Ultimato inglês de 1890. Foi implicado no movimento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891 e julgado nos tribunais marciais de Leixões foi condenado a ano e meio de prisão, pena que cumpriu na Relação do Porto. Além desta prisão tem sofrido muitas outras por questões políticas, chegando a estar incomunicável e sendo mesmo uma vez metido no "segredo" da Relação.

Em 1900 volta a ser preso por estar presente na manifestação realizada no Porto, devido ao caso Rosa Calmon.

Diz Mayer Garçãona sua obra Os Esquecidos, Lisboa, 1924, p. 107:

A sua raça era aristocrática, como a de tantos dos mais intrépidos audazes e generosos e generosos apóstolos ou lutadores da Revolução Francesa. O mesmo fogo devorava o seu espírito. Todavia, foi sempre obscuro, mesmo em vida, mesmo quando o seu nome era conhecido de todos os republicanos portugueses. Porque não dizê-lo? A maior destes republicanos considerava-o quase um louco. O que dele se contava fazia sorrir. Tinha duas filhas, a quem registara com os nomes de Liberdade e Marselhesa.

Faleceu no Porto em 24 de Junho de 1905.

Bibliografia Consultada:
Castelo, Cláudia, "Felizardo de Lima", Dicionário de Pedagogos Portugueses, dir. António Nóvoa, Asa, Porto, 2003, p. 762-763.
Garção, Mayer, Os Esquecidos, Empresa Editora e de Publicidade A Peninsular, Lisboa, 1924, p. 107-112.
Homem, Amadeu Carvalho, Da Monarquia à República, Palimage, Viseu, 2001.

A.A.B.M.

CORPO EXPEDICIONÁRIO PORTUGUÊS


Corpo Expedicionário Português

Embarque do Corpo Expedicionário Português, no Cais de Santa Apolónia, para a Flandres, "após a entrada de Portugal na guerra" (1917).

Foto de Joshua Benoliel, que foi capa da Ilustração Portuguesa de 12 de Fevereiro de 1917, in Arquivo Fotográfico.

J.M.M.

REVISTA PORTUGAL NA GUERRA [1917]


Portugal na Guerra

Revista quinzenal ilustrada, publicada em Paris [Rue de Villejust, 3], Ano I, nº 1 (1 de Julho de 1917) ao nº6 (Novembro de 1917). Director; Augusto Pina. Secretário de redacção: José de Freitas Bragança. Trata-se de uma revista do "Corpo Expedicionário Português na I Grande Guerra Mundial".

Colaboradores: A. de C., Alfredo de Mesquita, Capitão X, J. de F. B., José Paulo Fernandes, Mayer Garção. Fotografias de Arnaldo Garcez (França) e de Alfredo Lima (Portugal).

Pode ser consultada on line.

J.M.M.

sábado, 23 de junho de 2007

OLIVEIRA SALAZAR


Oliveira Salazar

"Salazar modesto cidadão de Coimbra", capa do Notícias Ilustrado, Fevereiro de 1935.

J.M.M.

JORNAL NACIONAL-SINDICALISTA "REVOLUÇÃO" [1932-1933]


Revolução - diário nacionalista da tarde

O "Diário académico nacionalista da tarde "Revolução" [nº1 (15 de Fevereiro 1932) a nº 418 (23 de Setembro de 1933)], veio da dissidência integralista [o periódico foi fundado pelo mesmo grupo de estudantes que anteriormente publicava o jornal "Política", órgão da Junta Escolar de Lisboa do Integralismo Lusitano, 1929-31] e integrou o chamado "nacional-sindicalismo" português.

Foi editado por José de Almeida Carvalho; redactores, Amaral Pyrrait, António Pedro, António Tinoco, Alberto de Monsaraz [fundador e director do órgão integralista "Nação Portuguesa"], Chaves de Almeida, Dutra Faria. A partir de 28 de Maio de 1932 (nº66), o diário passa a ser dirigido por Rolão Preto. A redacção e administração estavam situadas na Rua Serpa Pinto, 25, 3º, Lisboa. Publicou, ainda, sob forma de suplemento o semanário "Revolução dos Trabalhadores" [nº1, separata de "Revolução" nº 279, saiu a 4 de Fevereiro de 1933 e trazia na capa um “artigo ditirâmbico dedicado ao Fuhrer" – vidé João Medina, Salazar e os Fascistas, Bertrand, 1979]

No seu nº 261 (13 de Janeiro de 1933) publica-se uma foto dos homens do "nacional-sindicalista" e amigos, entre os quais; Sebastião Martins, Dutra Faria, Almeida Carvalho, Mário Lyster Franco, Rodrigo de Sousa Pinto (director do semanário algarvio "O Nacional-Sindicalista", 1932-33), José Pacheco, José Serrano, Gama Pinto, Ciríaco da Trindade, Alexandre Barbosa, H. Brás Leote.

Apresentou, também, com grande aparato, os banquetes de homenagem a Rolão Preto [Lisboa e Porto], publicando uma curiosa lista de adesões ao "nacional-sindicalismo", entre os quais registe-se: José Cabral [o protagonista da lei contra as sociedades secretas, e a quem Fernando Pessoa responde dura e ironicamente], Luís Pastor de Macedo [arqueólogo], capitão Teófilo Duarte, João Ameal, Rui de Andrade, brigadeiro João de Almeida, Eusébio Tamagnini [prof. de Coimbra e futuro ministro da Educação de Salazar], António Pedro, capitão Mário Pessoa, capitão David Neto, António Tinoco, Neves da Costa, Alberto de Monsaraz, Mário Cárdia [médico], Alçada Padez, Manuel Rodrigues [cf. Medina, 1979].

Registe-se, ainda, a adesão ao "nacional-sindicalismo" em Coimbra: Luís Cabral de Moncada, Carlos Moreira e João da Costa Leite Lumbrales [profs. de Direito]; Lopes de Almeida e Gonçalves Rodrigues [profs. de Letras]; Augusto Pires de Lima [Medicina].

O "Revolução" é suspenso no seu nº 418 (23 de Setembro de 1933) por Salazar e surgiu, depois, sob o nome de "Revolução Nacional", dirigido por Manuel Múrias, e faz a ponte entre os "nacionais-sindicalistas" desavindos e o salazarismo. Por isso, Manuel Múrias escrevia [nº1, 1/03/1934] o seguinte:

"O Nacional-Sindicalismo, nas suas aspirações tantas vezes inquietas e indefiníveis, busca ir mais longe – sempre mais longe … Talvez, decerto por isso, não tem podido ocultar de vez em quando as suas preocupações ansiosas ao verificar a lentidão, que as circunstanciais impõem às realizações, na metódica segura do Sr. Dr. Oliveira Salazar"

Pouco depois, no nº 146 (18/06/1934) do jornal "Revolução Nacional", Manuel Múrias despede-se, escrevendo: "Lealdade para Salazar – que reconhecemos e aclamamos aqui desde a primeira hora Chefe da Revolução Nacional".

J.M.M.

ALFREDO PIMENTA E MUSSOLINI


Alfredo Pimenta e o "Testamento Político de Mussolini"

Falámos aqui de Alfredo Pimenta. Na curta nota biográfica, então feita, referimos o entusiasmo demonstrado por Alfredo Pimenta pelo fascismo italiano, salientando o prefácio feito por ele à edição portuguesa do "Testamento Político de Mussolini".

Eis, um brevíssimo registo do que prefaciou a 3 de Abril de 1949:

"... Mussolini, criador do Império italiano; Hitler, criador do Império germânico; Salazar, espírito singularmente positivo, restaurador de uma consciência nacional que naufragava a olhos vistos no cepticismo e no mais absurdo complexo de inferioridade que jamais se viu.
Concedeu-me Deus a ventura de ser contemporâneo destes três gigantes políticos (...)

Esses três homens forjaram pelas suas próprias mãos o bronze das suas estátuas que nem as forças de Nuremberga, sinistras ignominias, nem os massacres de Dongo, torpezas hediondas, nem a morte natural e distante que todos nós esperamos que seja o fim de Salazar, poderão destruir. (…)

... a guerra que as Democracias provocaram, procurando cercar, para as abafar, a Alemanha hitleriana e a Itália mussolínica.
Ao fim de cinco anos de luta, em que nem a Alemanha nem a Itália deram tudo quanto podiam dar, porque cedo começaram a sofrer as consequências da traição dos generais, na Alemanha, e da traição da Corte, na Itália, ao fim de cinco anos de luta, as Democracias venceram, morrendo Hitler sob os escombros da Chancelaria do Reich, morrendo Mussolini, assassinado às mãos de agentes da Democracia ..."

[Alfredo Pimenta, in pref. ao "Testamento Político de Mussolini. Ditado, corrigido e rubricado pelo Duce em 22 de Abril de 1945", Edições Ressurgimento (2ª ed.), trad. António Garrido Garcia, Lisboa, 1949 - sublinhados nossos]

J.M.M.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A HISTÓRIA É IMPORTANTE! - CONGRESSO 2007


A HISTÓRIA É IMPORTANTE! - Congresso 2007

Na sequência do que foi referido no Circular da APH, Março de 2007 e de que retiramos este excerpto significativo e simultaneamente preocupante:

O ensino da História está em risco, quer no básico, onde tem vindo a perder espaço curricular, quer no secundário, onde é uma disciplina pouco escolhida pelos alunos e encarregados de educação, que consideram que a História não lhes garante um futuro. Ora, cabe-nos provar que sem História não há futuro. Sem o conhecimento do passado e a reflexão sobre as suas implicações no presente, que futuro queremos construir?
O recente diploma de habilitações para a docência (Decreto-Lei nº 43/2007), tirando à História a sua identidade enquanto disciplina autónoma, reforça irremediavelmente a situação crítica desta área do saber e empenha o futuro de gerações que se pretendia fossem educadas para o exercício de uma cidadania democrática e responsável, assente numa sólida noção de identidade inclusiva. Sem o conhecimento da História e das competências que esta propicia para lidar com informação plural e controversa, que cidadãos pretendemos formar?


Porque sentimos este problema e outros no nosso quotidiano, pensamos ser muito importante a participação de todos os interessados neste congresso. Vamos participar porque é um acto de cidadania debater os nossos problemas, não para nos queixarmos pura e simplesmente, mas para encontrarmos ideias e soluções de consenso. Porque preparamos o futuro e lutamos para que as novas gerações não percam a memória do seu passado, já que só assim podem preparar e compreender este mundo em rápida e profunda transformação.

Vejamos então o Programa do Congresso:

Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra
12, 13 e 14 de Julho de 2007

5ª feira, 12 de Julho
09:00 Abertura

09:30 A Importância da História, António Hespanha, FDUNL

10:30 Intervalo


11:00 História: Saber ou Ciência?, Fernando Catroga, FLUC
12:00 Novas Tecnologias e Ensino da História , Joaquim Ramos de Carvalho, FLUC

13:00 Almoço
14:30 História Investigada / História Ensinada: que relação?, João Paulo Avelãs Nunes, FLUC
15:15 Painel/Debate: Recursos para o Ensino da História ,Moderador: Luís Alberto Alves, FLUP
Currículo hipertextual numa turma de 9º ano, António Tomé, EB 2,3 António Sérgio, Cacém
Os Jogos Didácticos na aula de História , Gonçalo Marques, Luís Reis e Tiago Santos
Eu não gosto de História , Flávio Miranda
Enciclopédia da Revolução Russa , Cláudia Vilas Boas, Filipa Mesquita

16:45 Intervalo


17:15 Painel/Debate: e-learning e ensino da História, Moderador: Adérito Tavares
Adelaide Franco, Microsoft
António Augusto Fernandes, UCP
António Moreira, ESE J. Piaget/Nordeste
Paula Simões, FLUC
18:30 Encerramento

6ª feira, 13 de Julho

09:30 História do Tempo Presente e Ensino da História ,Rui Bebiano, FLUC
10:30 Painel/Debate Memórias Familiares e Ensino da História , Maria Auxiliadora Schmidt / Tânia Braga / Sónia Oliveira

11:00 Intervalo

11:30 Painel/Debate A Narrativa na Aula de História Marília Gago, Doutorada pela UM / Regina Parente, Mestre pela UM
12:30 Painel/Debate O Lugar da História nos currículos europeus , Helena Veríssimo / Isabel Afonso

13:30 Almoço


15:00 Mesa-redonda Consciência Histórica, Isabel Barca / Júlia Castro / Marília Gago / Olga Magalhães

16:30 Intervalo

17:00 Para que serve aprender História?, Stuart Foster e Jonathan Howson, Universidade de Londres
18:00 Encerramento
20:00 Jantar e fados de Coimbra

Sábado, 14 de Julho
10:00h Grupos de Reflexão sobre a actual situação do Ensino da História

14:30h Visitas de estudo
1. O Paço das Escolas da Universidade de Coimbra - António Filipe Pimentel
2. A Universidade do Renascimento - Rui Lobo
3. A Universidade e a Reforma Pombalina - Maria de Lurdes Craveiro
4. Coimbra, a Cidade Universitária do Estado Novo - Nuno Rosmaninho
5. Arquitectura Contemporânea na Universidade de Coimbra - Arquitecto Bandeirinha
6. Santa Clara-a-Velha - Francisco Pato Macedo
7. Arquitectura Revivalista - Regina Anacleto, Joana Brites
8. Gabinete de Candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial - Nuno Ribeiro Lopes
9. Museu da Ciência da U. Coimbra - Paulo Gama Mota

(Nota Importante: Ordenar as preferências para visitas de estudo de 1 a 9, porque elas decorrerão em simultâneo e só se poderá participar numa das escolhidas)

Inscrições até 06/07/2007, para a sede da APH

Com os desejos de grande sucesso para mais uma iniciativa da Associação de Professores de História.

A. A. B. M.

A PARÓDIA


A Paródia

"O Momento Bronchio- Eleitoral" - por Raphael Bordallo Pinheiro

J.M.M.

AINDA ... A REVISTA "SEARA NOVA"


Ainda ... a revista Seara Nova

"... Nasceu [a Seara Nova] de uma reunião na Biblioteca Nacional, no gabinete do Director, onde me encontrei a convite de Raul Brandão, Raul Proença, Aquilino Ribeiro, Ferreira Macedo e Jaime Cortesão. Foi cerca do ano de 1920. Apareci ali sem saber qual era o fim da reunião. Pouco depois conhecia-o: era o de elaborar um programa de acção politica e social, um programa mínimo de realizações nacionais, em que pudessem colaborar todos os elementos sinceros e sãos da colectividade (...) O pequeno grupo inicial alargou o âmbito da sua acção, empregando vários elementos à esquerda e à direita. Deste modo se trabalhou durante alguns meses. Foi difícil e lenta esta acção. Atingiu-se a concretização de um certo número de ideias e normas e fez-se a eliminação dos que, por incompreensão ou interesse, não eram desejáveis ou não desejavam comprometer-se, o que vinha a dar ao mesmo (...) Um dia, os elementos afins reuniram novamente e decidiram fundar uma revista de doutrina e critica e organizar uma secção editorial, cuja base comercial foi a Empresa de Publicidade Seara Nova,

[constituída em Maio de 1921, com sede na rua António Maria Cardoso, nº26. Os "corpos gerentes da empresa eram constituídos por Ferreira de Macedo – substituído em 1923 pelo Capitão Fernandes Duarte –, Jaime Cortesão e Câmara Reys (Direcção), Faria de Vasconcelos, António Tomás Conceição Silva e Rodrigo Caeiro Vieira (Mesa da Assembleia Geral), João de Araújo Morais, João Maria Sant’Iago Prezado e José das Neves Leal (Conselho Fiscal)"]

baptizada por Aquilino, que sugeriu a primeira palavra, e por mim, que a completei com a segunda".

[Luís da Câmara Reys (no desenho acima), entrevista ao Primeiro de Janeiro em 1937, transcrita na Seara Nova nº 513 (10/06/1937) - aliás em "Imaginário Seareiro. Ilustradores e Ilustrações da Revista SearaNova (1921-1927)", de António Ventura, INIC, 1989]

J.M.M.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

EFEMÉRIDES DE JUNHO (II)


Dia 16

1871 – São aprovados os estatutos do Centro Promotor das Classes Laboriosas.
1872 – Realização de um comício anti-jesuítico no Porto, no Salão da Porta do Sol, para representar contra a reacção religiosa e a introdução dos jesuítas em Portugal.
1906 – Reúne a Comissão Municipal Republicana para eleger os delegados ao Congresso Republicano.
1907 – Realiza-se um imponente comício de propaganda republicana em Portalegre.
1907 – Inaugura-se em Almada o Centro Republicano Capitão Leitão.

Dia 17
1907 – O povo de Angra do Heroísmo (ilha Terceira) protesta pública e energicamente contra os jesuítas e as irmãs da caridade no Hospital da cidade, registando-se distúrbios e sendo necessária a intervenção da força militar.
1907 O Mundo é julgado e unanimemente absolvido pelo júri. No Porto, o chefe do governo é recebido com desagrado pela população. São presos vários jornalistas e vultos do Partido Republicano.

Dia 18
1887 – Reúne-se nas salas do Clube Henriques Nogueira o Congresso Republicano português, que determinou no dia 21, elegendo-se o Directório do partido.
1891 – O Grémio Lusitano celebra as exéquias solenes pela morte do grão-mestre da Maçonaria, José Elias Garcia.
1898 – Suicida-se no Porto, António Henrique Verdial. Em Lisboa, os manipuladores do pão declaram-se em greve.


1907 – Á chegada do chefe de governo a Lisboa há manifestações populares, sendo o povo atacado nas praças públicas, registando-se diversos feridos e mortos.

Dia 19
1881 – É inaugurado em Lisboa, no Largo de Santa Marinha, nº 6, 1º o Club Passos Manuel.
1900Afonso Costa apresenta na Câmara dos Deputados uma moção em que diz que o povo quer instituições republicanas e não outras que constituem um privilégio de classes e castas.
1902 – É apreendido o jornal O Mundo.
1907 – Repetem-se as manifestações populares em Lisboa, realizando-se muitas prisões.

Dia 20
1877 – Realiza-se em Lisboa, no Teatro da rua do Condes, um comício popular, para protestar contra as prepotências praticadas pela polícia civil e guarda municipal na noite de 17 do mesmo mês.
1882 – São julgados e condenados em 10 dias de prisão, custas e selos os Drs. José da Cunha Castelo Branco Saraiva, Dr. João Rodrigues dos Santos, Eduardo Nunes da Mota e Vitorino Proença, acusados de exercerem cargos na Associação Escolar Fernandes Tomás.
1900 – São apreendidos os jornais republicanos A Pátria e a Vanguarda.
1906 – Publica-se novo livro de João Chagas, Bom Humor.
1907 – São levados para o forte do Alto do Duque, escoltados por uma força da guarda municipal, atravessando a cidade, os presos das noites de 18 e 19 de Junho.

Dia 21
1879 – Sai em Angra de Heroísmo (Ilha Terceira) o 1º número semanário democrático A Época.
1880 – Publica-se no Porto, o 1º número do semanário republicano Revista do Norte.
1905 Congresso Inter-Peninsular da Maçonaria.
1907 – É publicado no Diário do Governo o decreto autorizando os governadores civis a suspenderem os jornais.
1907 – A polícia invade o Liceu de S. Domingos e maltrata os estudantes, disparando tiros.

Dia 22
1905 Congresso Inter-Peninsular da Maçonaria.
1906 – O Dr. Bernardino Machado realiza uma conferência no Centro Eleitoral Democrático.

Dia 23
1901 – O Dr. Eduardo Abreu publica um manifesto ao Partido Republicano.

1904 – Realiza-se, no Porto, uma manifestação de apoio a Guerra Junqueiro.
1905 – Encerramento do Congresso Inter-Peninsular de Maçonaria, em Lisboa.
1906 - É feita uma grande manifestação de apoio ao Dr. Afonso Costa na gare de S. Bento.
1907 – É suspenso por trinta dias O Mundo.

Dia 24
1862 – Inauguração do Asilo de S. João, fundado pelo grão-mestre da maçonaria, José Estêvão de Magalhães.
1889 – A Maçonaria celebra solenemente o aniversário do Asilo de S. João.
1905 – Morre no Porto o jornalista Felizardo de Lima, fundador da Associação do Livre Pensamento, Propagadora do Registo Civil. Escreveu os livros: Judeus, Cristãos e Maometanos perante a ciência, e traduziu a História da Religião ao Alcance de todos, de Iborreta. Foi enterrado civilmente.

Dia 25


1871 – São proibidas as Conferências do Casino.
1882 – Comício contra o sindicato Salamanca.
1895Congresso Socialista Anti-Clerical.
1906 – O Dr. António José de Almeida realiza uma conferência no Centro Republicano do Largo de S. Carlos.

Dia 26
1876 – Assinala-se o primeiro registo civil em Lisboa. Foi o de falecimento do Dr. Ayres Maia.
1881 – É inaugurado no beco de S. Vicente, 34, Lisboa, o Clube Federal Vieira da Silva.
1890 – O deputado republicano Bernardino Pereira Pinheiro, apresenta um projecto de lei para a criação de escolas móveis distritais pelo método de João de Deus.
1897 – Realiza-se o Congresso Operário, promovido pela Confederação Metalúrgica.
1906 – Morre no Porto o republicano António Dias Pinto.

Dia 27

1892Heliodoro Salgado é condenado no Porto por abuso de liberdade de imprensa, a três meses de cadeia e a 250$000 réis de multa.
1896 – Morre no Porto o escritor e político republicano Rodrigues de Freitas. É enterrado civilmente no cemitério do Repouso. [Corrigenda: por erro das nossas fontes, esta efeméride foi incluída em Junho, quando realmente ela aconteceu em Julho, pelo que voltará a ser mencionada nessa data. As nossas desculpas pelo facto.] É suprimido também o jornal O Portugal, jornal dos estudantes republicanos de Coimbra.
1897 – Greve dos manipuladores de pão, em Setúbal.
1897 – Realiza-se em Lisboa um comício republicano.

Dia 28
1881 – Constitui-se na Horta (ilha do Faial) o Centro Republicano Federal.
1895 – Encerra o Congresso Católico em Lisboa.
1906 – Partem para o Porto os delegados ao Congresso Republicano, havendo manifestações da Gare do Oriente.
1908 – O administrador do Seixal proíbe uma sessão de propaganda, promovida pelos liberais da terra e a favor do Registo Civil obrigatório.
1908 – Na sessão de propaganda da Junta do Livre Pensamento efectuada em Sacavém, foi enviado um telegrama ao secretário-geral do Congresso Nacional de Livre Pensamento reunido em Bruxelas (Bélgica), cidadão Raphael Rens.

Dia 29
1884 – Eleições para deputados sendo eleitos por Lisboa pela minoria Elias Garcia e Consiglieri Pedroso.
1884 – Na Madeira é fuzilado o povo para conseguirem derrotar os candidatos republicanos. Os partidos monárquicos combinados praticam as maiores infâmias em todas as assembleias eleitorais.
1892 – Imponente manifestação ao poeta livre-pensador Xavier de Paiva, por ocasião da trasladação dos seus restos mortais do cemitério oriental para o ocidental.
1898 – Morre em Lisboa o Dr. Leão de Oliveira, organizador activo e inteligente do partido.
1899 – O Directório do Partido Republicano depõe uma coroa no túmulo do Dr. Leão de Oliveira.
1900 – Reúne em Lisboa o Congresso Partido Republicano, resolvendo mandar imprimir a moção que o Dr. Afonso Costa apresentou ao Parlamento em 18 de Junho de 1900.
1903 – Nos dias 28 e 29 realiza-se em Coimbra um Congresso da Maçonaria Portuguesa em que são apresentados diversos trabalhos tais como: Exército permanente, Loja Pureza; Paz e Arbitragem, Loja Simpatia e União; Demagogia Reaccionária, Loja Cavaleiros da paz e da Concórdia; Separação da Igreja do Estado, Loja Elias Garcia; Vintém das Escolas, Loja Comércio e Indústria; Vagabundagem de Menores, pela Loja Liberdade; Boletim Oficial, pela Loja José Estêvão; Capital, Trabalho e Greves, pela Loja Livre Exame; Ritos, Loja Luís de Camões; Escravatura em África, pela Loja Justiça (todas de Lisboa). Ainda foram apresentadas as seguintes teses: Acção da Maçonaria, pela Loja Perseverança, de Coimbra; Socorro mútuo e protecção maçónica, pela Loja Liberdade e Progresso, do Porto; Escolas profissionais de enfermeiros, pela Loja Luz do Norte, do Porto; Preço do Trabalho, pela Loja Fraternidade, de Viana do Castelo; Analfabetismo e Educação, pela Loja Fernandes Tomás, da Figueira da Foz; Centralização de poderes, pela Loja Viriato, de Viseu; Registo Civil Obrigatório, pela Loja Portugal, de Coimbra; Instrução do Povo, pela Loja União, do Porto; Sufrágio Universal, Loja Pátria, de Coimbra; Trabalho das Mulheres e dos Menores nas Fábricas, pela Loja Soberania Académica, de Coimbra.

Dia 30
1895 – Os reaccionários festejam o 7º centenário de Santo António com uma procissão. Os liberais vão em romaria ao túmulo de Sara de Matos.

A.A.B.M.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O LIVRO DA PRIMEIRA CLASSE



O Livro da Primeira Classe

J.M.M.

LUTO PORTUGUÊS POR HITLER


Luto português por Hitler

«Madrid, 6 de Maio. Nos últimos três dias as notícias da Imprensa Espanhola acerca da ordem do Governo Português de luto nacional por morte de Hitler surpreenderam tanto a população de aqui que eles perguntam se as notícias de um gesto tão inoportuno, da parte do mais antigo aliado britânico, não serão mistificação ou exagero.

Se bem que os espanhóis se tenham surpreendido desde há muito tempo com o tratamento lenitivo dos aliados por Portugal sobre o volfrâmio e outras questões, duma maneira geral eles consideram inexplicável que, quando mesmo a Falange se absteve se apresentar condolências oficiais aos alemães, o outro parceiro do bloco ibérico presumiu, nesta emergência, em afrontar as Nações Unidas, pagando um último tributo ao seu inimigo e colocando as bandeiras a meio mastro nos barcos construídos em Inglaterra da sua Armada.»

[Luto português por Hitler – Os espanhóis surpreendidos, in The Times, 7 de Maio de 1945, aliás no Primeiro de Janeiro, 5/11/1953]

J.M.M.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

MAJOR DAVID NETO: NOTA BREVE


Major David Neto: nota breve

David Rodrigues Neto nasce em Algoz, Silves, em 31 de Março de 1895. Inicia os seus estudos no seminário de Faro, de onde sai para o liceu, por incompatibilidade com a "vida eclesiástica". Posteriormente trabalhou numa escola primária "como auxiliar do professor" [cf. Glória Maria Marreiros, in Quem Foi Quem? 200 Algarvios do Século XX, Edições Colibri, 2000], "empregou-se numa farmácia" e assenta praça em 1915, frequentando o curso de oficiais milicianos de infantaria.

Faz parte do Corpo Expedicionário Português, seguindo para a Flandres. Regressa a Portugal, onde lhe é "oferecida colocação na guarnição militar de Lisboa" [idem], mas recusa e volta à frente de guerra (sob comando do General Simas Machado). Já como alferes é feito prisioneiro na batalha de La Lys [9 de Abril de 1918], tendo-se evadido para a Dinamarca, quase no final da guerra.

Seguindo a carreira militar, é colocado em Coimbra, onde frequenta o curso de Direito, formando-se em 1926. Nessa época é um dos principais dinamizadores da Liga dos Combatentes da Grande Guerra [1923].

É um dos que "arrancaram no 28 de Maio de 1926", "tendo tomado parte activa na sua preparação" [cf. João Medina, Salazar e os Fascistas, Bertrand, 1979; veja-se, ainda o livro do próprio Capitão Neto, Doa a Quem Doer, Livraria Tavares Martins, 1933]. David Neto participa na conspiração que conduziu ao golpe de 18 de Abril de 1925, colabora no "golpe dos Fifis", faz frente às insurreições de Fevereiro de 1927, à de 20 de Julho de 1928 ("revolução do Castelo") e à revolta Sousa Dias de 1931.

É um homem do regime saído do 28 de Maio, seguidor (inicial) de Salazar. Apresenta-se contra aquilo que apelida de regime "pomposo de democráticos" [Neto, 1933], que entendia como uma administração coligada de jacobinos, maçónicos e anti-patrióticos, sendo, do mesmo modo, contra os "conservadores", que eram para ele "uma causa de grande parte dos infortúnios que a má sorte tem reservado a Portugal" [ibidem].

Por razões políticas e de carácter, revela em 1933, no seu livro "Doa a Quem Doer", algum distanciamento face à situação politica de então, embora se mantenha crente das "boas intenções de Salazar". Em 1935 fixa residência em Portimão [por via de casamento]. Segue-se momentos conturbados, tendo pedido várias vezes a demissão do exército.

David Neto rompe, definitivamente, com o situacionismo salazarista. Inclusive, pela sua obstinação [vidé as suas conhecidas cartas, denominadas "Cartas políticas", que publicava e distribuía a expensas próprias] em "denunciar os erros e as mazelas do regime" de Oliveira Salazar, é preso e julgado em Tribunal Plenário por "difamação ao Senhor Presidente do Conselho e de incitamento à revolta" [Marreiros, 2000]. Em 1951, aparece a apoiar a Candidatura do Almirante Quintão Meireles. E em 1958, participa na Candidatura do General Humberto Delgado.

Morre em Portimão, a 6 de Janeiro de 1971.

[Foto de Ferreira da Cunha, in Arquivo Fotográfico (26/08/1931), com a seguinte legenda: "Após a derrota de tentativa de revolta militar contra a Ditadura, o presidente do Conselho, Oliveira Salazar, ouve o relato do ataque ao quartel de Metralhadoras I, feito pelo capitão David Neto, que o dirigiu e comandou"

J.M.M.

REVISTA ESTUDOS DO SÉCULO XX


Revista Estudos do Século XX, nº 6 - Lançamento em Lisboa

A Coordenadora Científica do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século
XX
da Universidade de Coimbra – CEIS20, a Directora da Revista e a Ariadne Editora vão estar presentes no lançamento do nº 6 da Revista Estudos do Século XX, subordinado ao tema “Educação Contemporânea. Ideologias e Dinâmica Social” coordenado pelo Prof. Doutor António Gomes Ferreira e Drs. António Simões Rodrigues e Augusto Monteiro.

A apresentação será feita pelo Prof. Doutor António Nóvoa, Reitor da
Universidade de Lisboa.

Este acto realizar-se-á na Livraria Buchholz, na R. Duque de Palmela, em
Lisboa, no dia 19 de Junho de 2007, pelas 18 horas.

Do índice desta revista encontramos 21 estudos dedicados ao tema acima referido, de onde nos permitimos salientar os seguintes:

- João Formosinho e Joaquim Machado, Modernidade, Razão e Afecto. Racionalidades da Escola Contemporânea;
- Diana Gonçalves Vidal, Fronteiras e Mestiçagens Culturais: A circulação de objectos, pessoas e modelos pedagógicos como problemática em História da Educação;
- Jorge Ramos do Ó, A Reforma de Jaime Moniz (1894-95). A Construção do Ensino Liceal de Características Modernas em Portugal;
- Lucia Martinez Moctzuma, Cultura de Maestros: Discursos Y Praticas de la Formación Normalista en México, 1889-1940;
- Nuno Rosmaninho, Ensinar a Ideologia. Uma Escola Primária na I República e no Estado Novo;
- Manuel Alberto Carvalho Prata, Imprensa de Educação e Ensino. A Revista da Escola do Magistério Primário da Guarda (1961-1971): Um espaço de cultura e ideologia;
- Rogério Fernandes, A Reforma que teria sido e a reforma que foi: de 24 de Abril de 74 à revolução dos cravos;
- António Augusto Simões Rodrigues, No Centenário da Escola José Falcão;
- António Gomes Ferreira e Ana Maria Seixas, Dimensões Ideológicas em Discursos Político-Educativos governamentais produzidos em Portugal nas duas últimas décadas do século XX;
- Romero Bandeira e Ana Mafalda Reis, A Relevância do Ensino da História da Medicina. A experiência actual no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar;
- João Rui Pita, A Formação dos Farmacêuticos Portugueses no início do século XX: A Reforma de Estudos de Hintze Ribeiro;
- Paulo Cunha, O cinema e a educação no Estado Novo: o caso da Comissão de Cinema Educativo;

Mais um número desta revista que se vai gradualmente afirmando pelos temas aglutinadores que escolhe e pelo conjunto de autores que colaboram.

A.A.B.M.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

JOSÉ VERÍSSIMO DE ALMEIDA (II)


JOSÉ VERÍSSIMO DE ALMEIDA II

Com atraso, mas sempre foi possível encontrar uma fotografia do biografado aqui.
A qualidade da mesma não é a melhor mas a possível, no entanto optamos pela sua colocação.

A.A.B.M.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

JOSÉ VERÍSSIMO DE ALMEIDA



JOSÉ VERÍSSIMO DE ALMEIDA

Filho de João Veríssimo de Almeida, farmacêutico em Faro e de Josefa Maria Marta Freire de Almeida. Nasceu a 13 de Junho de 1834, em 1855 veio para Lisboa frequentar o curso do Instituto Agrícola que concluiu em 1859. A tese apresentada para conclusão do curso intitulava-se Algumas Considerações Químico-Agrícolas. Durante estes estudos agrícolas, seguiu e obteve aprovação na cadeira de Química na Escola Politécnica. Nesse mesmo ano, foi nomeado preparador dos trabalhos e análise química dos trigos e terras do reino dirigidos e executados pelo professor sr. conselheiro João Inácio Ferreira Lapa.

Em Outubro de 1860, nomeado, sob proposta do conselho escolar, professor de Física e Química elementares e Introdução à História Natural, curso que então fora criado no mesmo instituto. Em Fevereiro de 1863, em virtude de concurso, consegue o lugar de lente substituto das cadeiras Agricultura Geral e Cultura Cerealífera, Meteorologia e Química Agrícolas e Tecnologia Rural. Em 1864 foi nomeado lente auxiliar de 2ª classe e quando estes foram abolidas por uma reforma do ensino ele continua ligado à escola exercendo o seu magistério. Em 1872 obteve a promoção a lente de 1ª classe.

Colaborador no Jornal Official de Agricultura durante 1877. Entre 1878 e 1881 tornou-se redactor da Chronica Agrícola. Entre 1883-1884 colaborou com o Jornal do Commercio de Lisboa; com a Gazeta dos Lavradores , na Revista Scientífica, O Agricultor Português, A Agricultura Portuguesa, Revista dos Campos (1889), etc.

Nomeado membro da comissão anti-filoxera do sul, pediu e obteve a exoneração deste cargo. Foi depois de 1884 incumbido, com os sr. conselheiro Ferreira Lapa e lente Pereira Coutinho, da análise dos vinhos que estiveram expostos na Tapada da Ajuda.

Fundou então a Revista da Exposição Agrícola de Lisboa. Escreveu ainda O Míldio e o seu tratamento, ilustrado com quinze gravuras, publicado em Lisboa em 1893, seguido de uma outra edição da mesma obra em 1894 já revista e aumentada; publicou também Les maladies de la vigne em 1894. Comunicação à Sociedade Mycológica de França em que colaborou com João da Motta Prego; Contributiones ad Mycofloram Lusitanae em colaboração com o sr. Manuel Sousa da Câmara na revista Centurias; As doenças da vinha produzidas por parasitas vegetaes; As doenças da oliveira; La gaffa des olives en Portugal.

Em 1901 pertencia ao grupo que lançou as bases da Junta Liberal.
Pertenceu ao Directório do Partido Republicano em 1898 e ocupava a vice-presidência da Câmara Municipal de Lisboa durante a vereação presidida por Anselmo Braamcamp Freire.

Foi um dos fundadores da Academia das Ciências de Portugal em 1907 e da Sociedade das Ciências Agrárias de Portugal.
Após o 5 de Outubro de 1910 foi nomeado Director do Instituto de Agronomia, cargo que desempenhou durante algum tempo.

Mostrou-se sempre inflexível nas suas posições políticas republicanas, tendo mesmo sido apresentado como candidato pelo Partido Republicano a sufrágio popular onde se evidenciou como figura respeitada.

Faleceu em 19 de Janeiro de 1915.

Bibliografia Consultada:
- Amaro,Pedro "Veríssimo de Almeida fundador da SCAP e pioneiro da protecção das plantas em Portugal", Revista de Ciências Agrárias, Vol. XX, Nº 2, 1997, p. 113-129
- Câmara,Manuel de Sousa da , "Pangírico de José Verissimo d' Almeida", Revista Agronómica, Vol. XIV, nº 1, 1918-1919,p.5-21.
- Franco, Mário Lyster, Algarviana. Subsídios para uma bibliografia do Algarve e dos Autores Algarvios, vol. I (A-B), Câmara Municipal de Faro, 1982, p. 99- 102.
- Rasteiro, Joaquim ,"Mortos ilustres: José Verissimo de Almeida e Sertório do Monte Pereira",Revista Agronómica, Lisboa, Volume XI, Nº 13 a 16,1915, p. 2-10
- Simões, Bemvindo (org.), Instituto Superior de Agronomia. Subsídios Bibliográficos, Lisboa, 1932, p. 18-79 [para uma biobibliografia deste autor no âmbito da sua actividade docente, de investigador e divulgador científico é talvez a obra mais completa que encontramos, falta porém a questão do seu envolvimento político]

[A imagem reporta-se à pequena notícia necrológica apresentada na Capital que é possível de consultar aqui]

A.A.B.M.

terça-feira, 12 de junho de 2007

AZEDO GNECO


Azedo Gneco

Azedo Gneco discursa num Comício Republicano, realizado no antigo recinto do Teatro do Rato (1/05/1907)

Foto, in Arquivo Fotográfico.

J.M.M.