terça-feira, 30 de julho de 2013

DR. AFONSO COSTA


UM DEVER: Affonsos Costas só se trazem ao collo” – caricatura de Afonso Costa por Silva e Sousa.

A Historia do Liberalismo Português, de 1820 em diante, está por fazer. A História da República, a da geração de Afonso Costa, tem sido malsinada, caluniada. Há que apresentar os homens e os factos tais como foram, limpando-os da jaca que os seus inimigos no poder sobre eles lançaram. É um acto de justiça o que Seia hoje rende ao maior dos seus filhos, àquele que mais fez pela pátria comum. Mas essa justiça tem de se estender a todo o país, a todos os homens da República, a quantos viram frustrada a sua vida de cidadãos só porque se recusaram a ser escravos

Prestar justiça a Afonso Costa, à geração de Afonso Costa, que procurou realizar um país de todos os portugueses, é sobretudo empenharmo-nos em refazer essa mesma República de todos os homens, buscando a igualdade e a fraternidade entre todos os homens, nenhum se sentindo com mais direitos do que os outros, nem com menos deveres. A República da igualdade de oportunidades, a República social, uma nação em via para o socialismo. Foi esse o ideal de Afonso Costa, seja também o ideal que nos anime a todos, na liberdade, na igualdade e na fraternidade.

Viva a República

Raul Rêgo, in Afonso Costa” (Discurso proferido em Seia na inauguração da estatua de Afonso Costa, em 8 de Novembro de 1981), Lisboa, 1988, p. 9 - sublinhados nossos.

J.M.M.

URBANO RODRIGUES (Parte II)

Ligado ao Partido Republicano acaba por ser eleito pelo círculo de Beja. Foi eleito deputado nas eleições de 1913 e de 1915, sempre pelo Partido Democrático. Enquanto deputado as suas intervenções começam por demonstrar preocupações sociais (Fevereiro de 1912, problema de falta de trabalho dos trabalhadores rurais, situação dos mineiros de Aljustrel, entre muitos outros temas).

Adoptando uma postura anticlerical, terá sido ele a afirmar publicamente que “todos os padres são reaccionários e patifes”, segundo publicou o jornal de António José de Almeida, o República, em 12 de Fevereiro de 1913. No fundo, manifestando coerência com alguns dos seus mestres como Teófilo Braga e mantendo a amizade com aqueles que tinham, em 1908, preparado a homenagem ao professor do Curso Superior de Letras: Afonso Lopes Vieira, Agostinho Fortes, Marques Braga, Magalhães Lima, Heliodoro Salgado, Frederico Parreira, Mayer Garção e Álvaro Afonso Barbosa.

Desempenha também funções próximas de Afonso Costa, como seu chefe de gabinete.  Em 1917, quando Afonso Costa desempenhou funções governativas durante o período da União Sagrada, acompanhou-o nas suas deslocações a Londres, onde participou nas negociações que ali tiveram lugar. Desempenhando algumas missões de destaque, como a missiva que trouxe de Paris em finais de Abril de 1919, de Afonso Costa para o Directório do Partido Republicano.

Enquanto director do jornal diário republicano O Mundo, apoia de forma clara a candidatura de Manuel Teixeira Gomes à presidência de República.

Em 1925, candidata-se pelo círculo de Lisboa Ocidental, nas listas da Esquerda Democrática, liderada por José Domingues dos Santos, mas não consegue ser eleito. Apesar de se ter ligado a este partido e de se ter comprometido a participar no congresso do mesmo em Abril de 1926, acabou por não estar presente devido a doença.

Com o 28 de Maio entrou numa fase de mais difícil e recolheu-se às suas propriedades no Alentejo. Ainda procurou juntamente com os directores de outros jornais portugueses da época enfrentar a censura prévia, realizando uma reunião em Agosto de 1926. Desta comissão Joaquim Manso foi incumbido de estabelecer contacto com o Presidente Óscar Carmona que o recebeu, mas acabou por não obter qualquer resultado prático das movimentações realizadas. Regressou em 1932 para colaborar no Diário de Notícias, onde colaborou de forma regular com artigos, entrevistas e reportagens a vários países da Europa, em particular durante o período da Segunda Guerra Mundial.

Em 1936 recebe do Secretariado de Propaganda Nacional, das mãos de Carneiro Pacheco, o prémio Afonso de Bragança – Reportagem, com o trabalho Um Passeio a Marrocos.

Uma nota curiosa: Urbano Rodrigues, viveu em alguns momentos dificuldades financeiras, visto que, em data que não se conseguiu apurar, enviou uma carta a Bernardino Machado pedindo-lhe ajuda para ultrapassar uma situação premente, e, como sabia que era habitual ajudar, mesmo monetariamente alguns que a ele acudiam, pediu ajuda, e garantiu que devolveria de forma célere o dinheiro que lhe poderia vir a emprestar. Sabemos que o pedido foi feito, mas não sabemos se foi ou não atendido pelo que viria a ser Presidente da República.

Publicou:
- Caminho da Ventura, 1905 (teatro);
- Quinquagenário: 1858-1908 – Cinquenta Anos de Actividade Mental de Teophilo Braga julgados pela critica contemporânea de três gerações literárias, 1908 [ em conjunto com Afonso Lopes Vieira, Agostinho Fortes, Marques Braga, Magalhães Lima, Heliodoro Salgado, Frederico Parreira, Mayer Garção e Álvaro Afonso Barbosa];
- O Camarim, 1910 (Teatro);
- A Última Aventura, (teatro);
- A Posse, 1918 (teatro);
- Maria da Graça, 1918 (teatro, em parceria com Victor Mendes);
- A Duquesa de Baeta, 1918 (romance);
- Coroação, 1917 (novela);
- O Ídolo de Carne, 1929;
- Cinco Aventuras Sem Importância, 1934;
- Passeio a Marrocos, 1935 (reportagem);
- Jornadas Duma Corte Marroquina, 1936 (reportagem);
- Simão, o Zeloso. Futilidades Velhas ou Ideias Novas, um plano prático para salvar a civilização moderna, 1938 (em parceria com Ramada Curto);
- Viagem através de Uns Olhos Verdes, 1940;
- A França em Marrocos, 1942 (reportagem)
- Sonho em Pompeia, 1943;
- A Vida Romanesca de Teixeira Gomes, 1946;
- O Grande Pecado, 1946 (Drama);
- O Castigo de D. João, 1948; [prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa];
- Um Inventor de Mulheres, 1955;

Realizou ainda várias conferências, de que se destacam quatro:
- “Afonso Lopes Vieira”, proferida na Casa de Leiria, em Lisboa;
- “Olivença” e “Mundo Alentejano”, realizadas na Casa do Alentejo;
- “A Imprensa. O poder do Estado”, no Ateneu de Madrid.

Depois de um período de doença em que raramente saía de casa, veio a falecer em Lisboa, a 15 de Julho de 1971. O seu corpo esteve em câmara ardente na Casa da Imprensa e o funeral realizou-se para o cemitério de Benfica.

Bibliografia Consultada:

CHORÃO, Luís Bigotte, A Crise da República e a Ditadura Militar, Sextante Editora, Lisboa, 2009, p. 563;
COELHO, Jacinto do Prado (Dir.), Dicionário de Literatura Portuguesa, 2 vols, Editorial Figueirinhas, Porto, 1969-1971;
Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Coord. Eugénio Lisboa, Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro (Org.), Publicações Europa América, Lisboa, 1994, p. 377-378;
QUEIRÓS, António José, A Esquerda Democrática e o final da Primeira República, Livros Horizonte, Lisboa, 2008.

A.A.B.M.

domingo, 28 de julho de 2013

URBANO RODRIGUES (Parte I)


Nascido em 9 de Julho de 1888, na freguesia de Santa Maria, em Serpa, com o nome completo de Urbano Pires Lavado Côrte-Real Rodrigues, filho de Rafael Florêncio Raimundo Rodrigues [Nascido a 23 de Fevereiro de 1864] e Ermínia José da Palma [Nascida a 4 de Novembro de 1862].

Aprendeu as primeiras letras em Moura, onde frequentou a escola primária. Em Moura, terra de onde era natural a família paterna, permanece até à adolescência. Entretanto, o pai emigra para África e, mais tarde, para o Brasil. Depois parte para Lisboa, com 16 anos. Na capital, frequentou o Curso Superior de Letras, onde teve como mestre Teófilo Braga. Inicia colaboração na imprensa republicana de Lisboa, como o diário Vanguarda, quando ainda era dirigido por Magalhães Lima ou no País, dirigido por Meira e Sousa, colaborando com a publicação de folhetins. Neste último jornal fazia parceria com Alfredo Guimarães, Carlos Frederico Parreira, Aquilino Ribeiro e Pinto de Carvalho (Tinop), em 1907. [Cf. Ernesto Rodrigues, Mágico Folhetim. Literatura e jornalismo em Portugal, Editorial Notícias, Lisboa, 1998, p. 426]. Foi um dos organizadores da homenagem que foi feita a Teófilo Braga quando este assinalou as bodas de ouro literárias.

Passou ainda também pelo Século, onde colaborou na página literária durante algum tempo, e pelo Mundo, onde assumiu as funções de chefe de redacção desde 1908, tendo passado a director do jornal, a partir de 5 de Março de 1922. Nessa altura o jornal encontra-se dominado por Alberto Totta, que domina o capital da empresa proprietária do jornal.

Urbano Rodrigues casa em Lisboa, a 30 de Outubro de 1922 com Maria da Conceição Tavares. Deste casamento resultam três filhos Urbano Augusto Tavares Rodrigues [Nascido a 6 de Dezembro de 1923], Jorge Eduardo Tavares Rodrigues [Nascido a 22 de Junho de 1927] e Miguel Urbano Tavares Rodrigues [Nascido em 2 de Agosto de 1925].

Tudo indica que a sua estreia literária aconteceu em 1905, com uma peça de teatro intitulada Caminho da Ventura, a que se seguiu O Camarim, com episódios da vida artística, mais tarde a peça de costumes alentejanos, Maria da Graça. As duas últimas peças foram escritas em parceria com Vítor Mendes e foram estreadas nos teatros D. Amélia e D. Maria. A Última Aventura, peça num acto, que teve estreia no Teatro de S. Carlos, em 1915. Ainda no campo teatral, Urbano Rodrigues decidiu que esta peça em três actos fosse publicada em 1918, juntamente com a peça Maria da Graça.[Luiz Francisco Rebello, 100 Anos de Teatro Português (1880-1980), Brasília Editora, Porto, 1984, p. 119].
[Em continuação]
A.A.B.M.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

MANUEL VIEGAS GUERREIRO E O SEU LEGADO PATRIMONIAL: CONFERÊNCIA

Realiza-se hoje, dia 26 de Julho, pelas 21.30 h, em Querença, concelho de Loulé, um Jantar, seguido de debate organizado pela Fundação Manuel Viegas Guerreiro, no âmbito das comemorações do Centenário do Nascimento do Professor que dá o seu nome à fundação.

O convidado para conversar sobre Manuel Viegas Guerreiro é o Prof. Guilherme de Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura, figura respeitada do panorama cultural português e, também ele, com ligações familiares ao Algarve.

Pode ler-se na nota de divulgação do evento:
"Estes Jantares/Debate inserem-se nas comemorações do centenário do nascimento do Professor Manuel Viegas Guerreiro. São subordinados ao tema « Viegas Guerreiro e o seu legado patrimonial» , onde uma personalidade de grande prestígio e notoriedade nacional será convidada a proferir uma Conferência e a dinamizar o debate."
(Via Luís Guerreiro Facebook)

Com os nossos votos do maior sucesso para esta sessão.
A.A.B.M.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

GLEBA. SEMANÁRIO DE LITERATURA E CRÍTICA


GLEBA.  Semanário de literatura e crítica.

Ano I, [numero espécimen, Novembro de 1934], nº1 (4 de Dezembro) ao nº 4 (1 de Janeiro 1935) [suspende a sua publicação com um curioso esclarecimento em que se defende da acusação de ser um periódico “comunistóide”; refira-se que as estimadas Edições Gleba, nascem deste grupo, onde primeiro se manifesta o neo-realismo]; Comissão Directiva: Almeida e Silva, Duarte Rodrigues, Guy de Oliveira, Jorge Antunes, Jorge Domingues, Mário Dionísio, Moura Vitória, Victor Santos [este grupo tinham antes fundado as revistas Quid? e Prisma]; Redacção: M. Ramos da Cunha; Impressão: Impr. Baroeth, Lisboa; 1934-35, 1+4 numrs

Colaboração: Almeida e Silva, Anjo Alva, António Sérgio, Câmara Reis, Campos Lima, Duarte Rodrigues, Fernando Barros, Guilherme Morgado, Guy de Oliveira, Jorge Antunes, Jorge Domingues, José Rodrigues Miguéis, Leite da Costa, Lino Carracho, M & M [? – curioso texto com o título “Quinto Império], Mário Dionísio, Moura Vitória, Palma Carlos, Rocha Pinto, Rodrigues Lapa, Seabra Diniz, Sérgio Augusto Vieira, Vasco da Gama Fernandes, Vicente Martins, Victor Santos.
O núcleo que constitui Gleba não tem norma, não respeita a tradição, não aceita o passado; também não é um camartelo demolidor, por sistema, nem iconoclasta no sentido mais lato da palavra … Gleba não é o porta-voz duma seita. Aspira a ser o estandarte dum escol que não imporá ideias, mas que as difundirá persuasivamente entre os predispostos, porquanto os dispostos delas não carecem” [inDicionário das Revistas Literárias Portuguesas do Século XX”, de Daniel Pires].

J.M.M.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

RODRIGO DA FONSECA MAGALHÃES: CONFERÊNCIA EM CONDEIXA

Na próxima quarta-feira, dia 24 de Julho de 2013, no âmbito das festas de Santa Cristina e feriado municipal local, o município vai levar a efeito um conjunto de eventos onde se destaca uma palestra sobre Rodrigo da Fonseca Magalhães.

Pelas 10 horas da manhã, no salão nobre do município de Condeixa-a-Nova, a professora Maria de Fátima Bonifácio vai abordar os traços da personalidade do político português que marcou a primeira metade do século XIX. Fonseca Magalhães, nascido em Condeixa, lutou contra os invasores franceses, estudou em Coimbra e cuja vida política foi agora tratada na sua obra Um Homem Singular. Biografia Política de Rodrigo da Fonseca Magalhães (1787 - 1858), publicado este ano. Quem quiser folhear as primeiras páginas e consultar o índice da obra deve consultar AQUI.

Para se conhecer um pouco do papel desta personalidade recomenda-se uma leitura prévia AQUI, com dados genealógicos detalhados AQUI, elementos sobre a sua obra publicada podem ser obtidos AQUI.

Uma sessão que se recomenda a todos os interessados em compreender as dificuldades por que passava Portugal na primeira metade do século XIX e o papel importante e influente que nele desempenhou Rodrigo da Fonseca Magalhães.

Sobre a obra pode consultar-se uma opinião publicada AQUI.

A nota curricular/biográfica da autora pode ser obtida AQUI e AQUI.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A PARÓDIA (1900-1907)

A Hemeroteca Digital de Lisboa continua a prestar um serviço público de excelência ao disponibilizar a todos uma das publicações humorísticas mais conhecidas do início do século XX, neste caso A Paródia, com desenho de Rafael Bordalo Pinheiro.

No próximo dia 19 de Julho, esta publicação passará a estar integralmente disponível online. O evento será acompanhado de um conjunto de iniciativas, conforme se pode verificar pelo cartaz de divulgação.

A sessão vai realizar-se no Museu Bordalo Pinheiro, ao Campo Grande, em Lisboa, a partir das 19 horas.

A não perder.

A.A.B.M.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

MARCELLO CAETANO, MARCELISMO E "ESTADO SOCIAL", DE LUÍS REIS TORGAL



Hoje, 17 de Julho, pelas 18 horas, na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra, vai ser apresentado o mais recente estudo do Professor Doutor Luís Reis Torgal intitulado Marcello Caetano, Marcelismo e "Estado Social".

Pode ler-se na sinopse da obra:
Fala-se muitas vezes de “Primavera marcelista” e de “liberalização bloqueada” para caracterizar o regime de Marcello Caetano (1968-1974). Por sua vez, o sucessor de Salazar insistia na ideia de que se tratava de uma “Renovação na continuidade” e preferiu utilizar o conceito de “Estado Social” para caracterizar o Estado Corporativo, cuja denominação também manteve, considerando que deveria ser aperfeiçoado. Este conceito de “Estado Social”, se é assim entendido por Marcello, não deixa de ser, embora apenas formalmente e com outro sentido, o mesmo conceito hoje tão usado no debate político, considerando-o, alguns, essencialmente uma conquista da democracia, que, todavia, se está a perder. Por outro lado, no tempo de Marcello Caetano, o seu regime foi criticado à direita e à esquerda, considerando-o a primeira uma traição ao salazarismo e, sobretudo, à sua concepção de Estado uno, e a segunda um Estado Novo sem Salazar e… com Marcello Caetano.
Afinal o que foi o Marcelismo ou o período marcelista e quem foi Marcello Caetano? Este ensaio, retomando outros trabalhos realizados — num tempo em que os estudos sobre o estadista parecem ser mais frequentes na historiografia portuguesa, muito mais interessada por Salazar — pretende, de uma forma assumida e fundamentada, responder a esta questão.

A apresentação da obra estará a cargo do Prof. João Paulo Avelãs Nunes.

Uma obra e uma sessão que se sugere para este dia.

A.A.B.M.

terça-feira, 16 de julho de 2013

PARA A HISTÓRIA DA MAÇONARIA FEMININA EM PORTUGAL


AUTORA: Maria Manuel Cruzeiro;
EDITORA: Âncora, Junho 2013, 110 p.

Para a História da Maçonaria Feminina em Portugal regista importantes momentos históricos, pela mão de uma das principais intervenientes, Maria Manuela Cruzeiro, primeira grã-mestra da Grande Loja Feminina de Portugal e uma das quatro primeiras maçonas portuguesas membros da primeira Loja Feminina, «Unidade e Mátria», instalada em Lisboa em 1983.

A obra destaca o caminho percorrido pelas mulheres na Maçonaria, desde precursoras como Ana de Castro Osório ou Adelaide Cabete, à formação das primeiras Lojas exclusivamente femininas em Portugal. A autora procura ainda desmistificar os princípios, objectivos, filosofia e acções da Maçonaria.

Maria Manuela Cruzeiro licenciou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, posteriormente, especializou-se em Biblioteconomia (Ciências Documentais) na Universidade de Coimbra.

O interesse pela investigação começou a fazer-se sentir ainda durante o curso, o que a levou a escolher, como tese de licenciatura, a vida e a obra de Christine de Pisan, mulher das Letras do século XIV. O gosto pela investigação histórica levou-a depois a publicar a Bio-Bibliografia de Leonor da Fonseca Pimentel e José Fontana – Vida e Obra. Para a História da Maçonaria Feminina em Portugal nasce do seu interesse pela Maçonaria Feminina e da vivência pessoal desta instituição”. [ler AQUI - sublinhados nossos]

J.M.M.

PRAÇA VELHA, Nº 33


Vai realizar-se no próximo dia 17 de Julho de 2013, quarta-feira, a apresentação do volume 33, da Revista Praça Velha, que integra trabalhos de Adriano Vasco Rodrigues, Aires Antunes Diniz, António José Dias de Almeida, Franklim Costa Braga, Hermínio Ramos Ferraz, Jesué Pinharanda Gomes, João Bigotte Chorão, José Luís Lima Garcia e Manuel Poppe.  A Grande Entrevista ao Cónego Manuel Geada Pinto é conduzida por Rui Isidro. O Portfólio é da responsabilidade de Carlos Martins.


A apresentação destes volumes terá lugar, a partir das 18h, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda. 

A entrada é livre.

A acompanhar com toda a atenção.

A.A.B.M.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

QUAKER OATS RECEITAS – TRAD. (ATRIBUÍDA) FERNANDO PESSOA


QUAKER OATS. Receitas, s.d. [1930], 32 p. [trad. Fernando Pessoa]

► Trata-se do famoso e raríssimo folheto sobre os flocos de aveia Quaker Oats, que saiu sobre anonimato, mas que é atribuída a Fernando Pessoa,

“(...) Este produto, pode dizer-se, constróe, renova, sustenta e reanima as energias do corpo humano. O seu sabor é excelente, a sua preparação fácil e o seu preço económico, sendo também de grande importância o facto de êste alimento se poder preparar de variadíssimas formas. A Senhora D. Melchora Horrero, professora de Arte Culinaria na Escola del Hogar, de Madrid, oferece, nas páginas que se seguem, interessantes e deliciosas fórmulas para empregar a Quaker. Sopas, môlhos, recheios, frituras, pastelões de legumes ou carne — em qualquer dêstes pratos o adicionar a Quaker é um precioso recurso. (...)”.


FOTO via In-Libris
 
J.M.M.

BERNARDINO MACHADO


► O Capitão Pina de Morais ao lado do antigo Presidente da República, Dr. BERNARDINO MACHADO, pouco depois do regresso do último a Portugal, em 1940. No segundo plano, o Dr. Ângelo Vaz e uma filha do Presidente.

in SEARA NOVA, nº 1270-1271, Janeiro de 1953

via Casa Comum
 
J.M.M.

O COMBATE

O Combate, publicação quinzenal de propagada republicana, de critica de política e de costumes.
Iniciou publicação em 1 de Dezembro de 1899 e publicou somente 8 números, até 18 de Março de 1900.

Estes folhetos passaram a contar depois com a colaboração de Heliodoro Salgado que assegurava com França Borges a crónica da quinzena, aproveitando os pequenos e grandes episódios da vida quotidiana para os transformar em arma de arremesso político contra a Monarquia, misturando com algumas criticas à Igreja Católica.

Publicação pouco conhecida, da muita utilizada pelos republicanos, na fase da chamada propaganda.

A.A.B.M.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CONFERÊNCIA SOBRE A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1828 (AVEIRO)


[16-05-1956] – “Conferência de Jaime Cortesão sobre a Revolução Liberal de 1828”, no “Salão Aleluia”, Aveiro.

NA FOTO [da esquerda para a direita]: Álvaro Seiça Neves, Júlio Calisto, Jaime Cortesão, Mário Sacramento, M. Costa e Melo e João Sarabando [via Mário sacramento Facebook

► [NOTA] A revolta liberal de 16 de Maio de 1828, organizada e propalada a partir de Aveiro, com evidentes relações à cidade do Porto e outras vilas, é uma resposta ao golpe de estado de D. Miguel, em Março de 1828. Diga-se que já havia uma forte tradição liberal em Aveiro, com a presença de membros ligados ao Sinédrio (revolução de 1820) e de “domicílio” em “Caçadores 10” [cf. Aveiro Berço da Liberdade, de Marques Gomes, 1928]. Marques Gomes refere, mesmo, que estavam no conhecimento da revolta de 24 de Agosto de 1820, o tenente-coronel Luiz Gomes de Carvalho, o desembargador Fernando Afonso Geraldes e o juiz de fora José de Vasconcelos Teixeira Lebre [ibidem].

A revolta liberal, em Aveiro, é pensada e organizada a partir do trabalho desenvolvido por uma curiosa Loja Maçónica [1821-1823- 1828?]

que reunia na “Quinta dos Santos Mártires” [actual Baixa de Santo António] – que possivelmente abate colunas após a devassa por decreto de 20 de Junho de 1823 - e de que faziam parte, entre outros, António de Azevedo e Cunha (Venerável), Francisco Lourenço de Almeida (de Fermelã, Estarreja), Basílio de Oliveira Camossa (irmão terrível), Caetano Xavier Pereira Brandão, dr. Joaquim José de Queiroz e Almeida (avô de Eça de Queiroz, que tem de se exilar; segundo alguns, foi ele o “cérebro” da revolta), Luiz Gomes de Carvalho, dr. Luiz Cipriano Coelho de Magalhães (o pai de José Estevão), Francisco Manuel Gravito de Veiga e Lima (preso e executado a 7 de Maio de 1829), Clemente José de Morais Sarmento (preso e executado a 09/10/1829), Francisco António de Abreu e Lima (preso, condenado à morte e desterrado para Angola, onde morre em 1835), Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão (preso e executado a 7 de Maio de 1829) [ibidem; ver, ainda, História da Maçonaria em Portugal, de A. H. O. Marques]

e desencadeada militarmente a partir de “Caçadores 10” [repetindo a revolução de 1820].

O movimento revolucionário, de civis e militares de “Caçadores 10”, parte para o Porto, forma a “Junta do Governo Provisório”, mas não consegue resistir á entrada e cerco das forças miguelistas na cidade, tendo o grosso da tropa fugido para a Galiza, seguindo depois para Plymouth (Inglaterra). A tentativa da revolta tem como resultado a prisão, seguida de execução ou desterro de muitos e o exílio de outros mais.
 
J.M.M. 

“MANIFESTO CONTRA O DESASTROSO ENCERRAMENTO DAS LIVRARIAS DA CIDADE DE LISBOA NO CENTENÁRIO DA LIVRARIA SÁ DA COSTA"


LIVRO: "Manifesto contra o desastroso encerramento das livrarias da Cidade de Lisboa no Centenário da Livraria Sá da Costa, Seguido de Palavras proferidas na inauguração da nova sede da Livraria Sá da Costa Rua Garrett, 100-102 no dia 10 de Junho de 1943";

AUTOR: Livreiros da Sá da Costa [colaboração de Vítor Silva Tavares]

EDITORA: Letra Livre, Julho 2013, 15-XXII p.
 
 
J.M.M.

UMA FLOR NA CAMPA DE RAUL PROENÇA

 
Uma Flor na Campa de Raul Proença, de José Rodrigues Miguéis, BNP, 1985 [trata-se da reunião de textos publicados com o mesmo título no jornal “Diário Popular” nos dias 12, 19, 26 de Abril e 3 de Maio de 1979]

“Por essa época (1925-1926), do fundo da minha insignificância de novato, ousei um dia perguntar-lhe [Raul Proença], sem o reforço de elogios, se a polémica – o ‘cacete florido’ na sua expressão – não prejudicaria a obra do escritor de ideias, do organizador sem par que ele era, apto a formar e inspirar uma plêiade de eruditos e investigadores excepcionais. Sem deixar de admirar o combatente, era pela sua obra criadora que eu sobretudo receava, embora sem o confessar. Com o rosto aceso de fervor e a veemência concentrada que lhe era habitual, mas temperada pela brandura (pois nada de magister, do pedante, do bonzo ou padre-mestre havia neste chefe exigente e severo), Proença - lembro literalmente as suas palavras – respondeu: ’Não só não julgo que a Polémica seja o aspecto menos válido da minha obra como até talvez a considere o melhor’. Diante disto curvei-me

(Três anos depois eu poria o mesmo problema a António Sérgio, exilado em Paris: Não seria a Polémica o parasita da sua criação pessoal, de que tantos esperávamos? ‘Para escrever – tornou-se ele exaltado – eu preciso de ter o antagonista aqui na minha frente, como este tinteiro!’ E o tinteiro de estanho, uma antiguidade, espirrou um resto de tinta e algumas moscas mortas a razoável altura)”

inUma Flor na Campa de Raul Proença

J.M.M.

HOMENAGEM DA ASSOCIAÇÃO DO REGISTO CIVIL AO DR. MAGALHÃES LIMA


Associação do Registo Civil, Largo do Intendente, 45, 1º, Lisboa

 [HOMENAGEM da Associação de Registo Civil ao Dr. Magalhães Lima no 1º Aniversário da sua morte – 8/12/1929]

O Livre-Pensamento propõe à humanidade, como o quere a natureza das coisas, a investigação indefinida da Verdade pela Sciência, do Bem pela Moral e do belo pela Arte”. [palavras do Dr. Magalhães Lima]

via Casa Comum, com a devida vénia.

J.M.M.

I SEMINÁRIO IBÉRICO «PATRIMÓNIO INDUSTRIAL DE CONSERVA E SALGA»

Na próxima semana, entre 15 e 19 de Julho de 2013, realiza-se em Huelva, na numa parceria com  o Município de Vila Real de Santo António e  a Universidade de Huelva, realiza-se o seminário subordinado ao tema PATRIMÓNIO INDUSTRIAL DE CONSERVA E SALGA.

O seminário pode ser frequentado em duas versões, com número limitado de inscrições, uma versão com 25 horas e outra com 50 horas.

Apesar de ser mais direccionado para a arquitectura, este seminário aborda sempre a questão do património, sobretudo o industrial que se construiu naquelas localidades junto ao Guadiana e que, ao longo do tempo foram tendo diversas utilizações (por exemplo, e especialmente, as antigas fábricas de conservas que hoje muitas vezes estão abandonadas ou que foram sendo destruídas).

O catálogo/programa do evento pode ser descarregado AQUI.

Entre os intervenientes portugueses contam-se Hugo Cavaco, Ana Cardoso de Matos, José Manuel Gameiro e Manuel da Rocha Aires Mateus. Além disso, contam-se mais outros tantos intervenientes espanhóis.

A página web do encontro pode ser consultada AQUI para esclarecimento de qualquer dúvida.

Uma interessante iniciativa para se debater o património histórico de Vila Real de Santo António e de Huelva conforme se pode depreender do objectivos desta acção (em castelhano):
A acompanhar com atenção.
A.A.B.M.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

DR. MAGALHÃES LIMA


SEBASTIÃO MAGALHÃES LIMA por Silva e Souza [1910-1919 ?]

CARTAZ alusivo a um conflito gerado no seio do Partido Republicano em torno da figura de Sebastião de Magalhães Lima - aqui retratado como Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano”.
 

Magalhães Lima é o carácter mais saliente do partido republicano histórico portuguez
 
Às suas convicções sacrificou elle os seus interesses materiaes e as suas affeições de família.
 
Irreductivel no seu modo de sentir e pensar, sempre a favor do povo, nunca transigiu com a lisonja. Só três deputados reconheceram o seu alto valor politico e moral, tendo a coragem de affrontar a negativa de toda a assembléa do centro de S. Carlos.
 
Mais uma vez Magalhães Lima é um sacrificado, e é esta a recompensa  que recebe ao cabo de tantos annos de lucta  em prol da causa do povo
 
[Chacon Ciciliani]
 
via Casa Comum, com a devida vénia.
 
J.M.M.

terça-feira, 9 de julho de 2013

MARIA KEIL, OBRA ARTÍSTICA - EXPOSIÇÃO

Organizada pelo Museu da Presidência da República e pela Câmara Municipal de Cascais, inaugura-se amanhã, no Palácio da Cidadela, em Cascais, a Exposição De Propósito: Maria Keil, Obra Artística.

Este exposição conta com cerca de três centenas de obras que vão da pintura ao design, da ilustração ao azulejo, do mobiliário aos figurinos, percorrendo a obra da artista numa perspectiva abrangente e traçando alguns dos momentos marcantes da sua criação artística.

Recorde-se que Maria Pires da Silva Keil do Amaral, nasceu em Silves em 1914 e faleceu em Lisboa em 2012. Estudou na Escola de Belas Artes de Lisboa, depois estudou pintura com Veloso Salgado.
Para se conhecer melhor a artista através da sua obra e da sua biografia consultar AQUI, AQUI ou AQUI.

Uma exposição a não perder.

A.A.B.M.

ANGOLA, O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (VOL. I) - O CINEMA DO IMPÉRIO

Vai ser apresentado hoje, 9 de Julho, pelas 20 horas, na Cinemateca Portuguesa, o livro ANGOLA, O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (VOL. I) - O CINEMA DO IMPÉRIO, organizado por Maria do Carmo Piçarra e Jorge António.

Esta obra integra uma trilogia sobre o cinema feito em Angola antes e após a independência.

A obra conta com contributos de investigadores como o Tiago Baptista, a Teresa Castro, o José da Costa Ramos e o Paulo Martins. Nela pode encontrar-se referências a uma série de figuras incontornáveis da história do cinema feito em Angola.

Este primeiro volume - O cinema do império - aborda sobretudo o cinema de propaganda imperial (fosse política, económica ou mesmo científica) mas lança já, sobretudo através das três entrevistas que reúne - a ponte para um segundo volume, a publicar antes do final deste ano: O cinema da libertação.

 No dia 10 de Julho, na FNAC do Colombo, às 18 h 30, haverá nova sessão de apresentação.

A.A.B.M.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A I GRANDE GUERRA EM ÁFRICA - COLÓQUIO INTERNACIONAL


Realiza-se esta semana, nos próximos dias 11 e 12 de Julho, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, um colóquio internacional dedicado à Grande Guerra em África.

Contando com um conjunto significativo de investigadores de várias universidades e continentes, ao longo de dois dias de trabalho vão trocar-se informações sobre investigações em curso dedicadas ao tema ainda pouco explorado e conhecido das incidências da Grande Guerra em África.

O programa completo, que se encontra em inglês e que reproduzimos abaixo, divulgando este evento ligado à questão da participação de Portugal na Grande Guerra e com alguns contributos de investigadores portugueses.

Africa and the First World War
International Network for the Study of Africa and the Great War
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Edifício I&D, Sala Multiusos 2

Programme
Day 1st Thursday, 11th of July 2013
14,00 Panel I – Africa and the First World War | Chair: Ana Paula Pires

Anne Samson (Great War in East Africa Association), World War 1 in Africa: South Africa and its neighbours
Brian Digre (Elon University), The Scramble renewed: Allied war aims toward Africa (1914-1918)
Cláudio Forjaz (Instituto de Geografia e História Militar do Brasil), O combate não convencional na África durante a I Guerra Mundial
Donald Omagu (City University of New York – CUNY), “Globalization of conflicts”: a discourse of the dispute of empires in Africa and the Great War of 1914-1918
16,30 Break


17,00 Panel II – Portugal, war and dispute | Chair: Aniceto Afonso

Jakob Zollmann (Wissenschaftszentrum Berlin), Unlikely disputes of empires, Portugal, Germany and Ovamboland’s World War I
Marisa Fernandes (ISCSP-UTL), A chegada tardia da Alemanha a África nos finais do século XIX: da hesitação de Bismark à Weltpolitik de Guilherme II e ao interesse do espaço colonial português
António Paulo Duarte (IDN e IHC-FCSH-UNL), A outra Flandres: a Grande Guerra em Moçambique (1916-1917)

18,00 Panel III – War Memories | Chair: Maria Fernanda Rollo

João Moreira Tavares (Arquivo Histórico Militar e IHC), Memórias de Guerra no Arquivo Histórico Militar: África (1914-1919)
Alun Edwards (University of Oxford), Europeana 1914-1918 & Crowdsourcing collections – for teaching & research


Day 2nd Friday, July 12th 2013
9,30 Panel IV Cameroon and the First World War | Chair: Anne Samson

Saliou Abba (Ministry on Scientific Research and Innovation), From the battlefield to cemeteries and reinstatement: a trajectory of soldiers during the First World War in Cameroon
Mark Bolak Funteh (University of Maroua, Cameroon), Magic and war in Cameroon: a preparatory and sustaining ingredient at the battle front during the first World War
George Njung (University of Michigan), Soldiers of their own: the Costal Duala and the Bamenda Grassland soldiers in the Great War in Cameroon, 1914-1914
11,30 Break


12,00 Cameroon and the First World War (cont.)

Jacqueline de Vries (Leiden University), The internment and repatriation of German-Cameroonian soldiers in Fernando Po, 1916-1919
David Aworawo (University of Lagos), The indispensable third party: Spanish Guinea and Anglo-German campaigns in the Cameroons during the First World War
Walter Gam Nkwi (University of Buea-Cameroon), The First World War soldiers as agents of social change in Africa: the case of Bamenda Grassfields of Northwest Cameroon


14,00 Panel V – West Africa and the First World War | Chair: Santanu Das

O.A. Akineyeye (University of Lagos), West Africa and the First World War
Joe Lunn (University of Michigan – Dearborn), Survival of the fittest during the First World War: Herbert Spencer, the French Army, and the Development of La force noire, 1890-1920
Ruth Ginio (Ben Gurion University of Negev), African participation in world war I and the emergence of a military colonial policy in french West Africa
Mahon Murphy (London School of Economics), Mutilation for a bounty ? Britain and German West Africa in the First World War
Joe Lunn (University of Michigan – Dearborn), Marching to a distant drummer: the enduring legacy of Senegalese military service during the First World War
17,00 Break


17,30 Panel VI – Home and abroad | Chair: Pedro Oliveira

Javier Lion Bustillo (University of Seville) and Julio Pérez Serrano (University of Cadis), Banwagoning for nothing ? Spain, Morocco and the Great War
Bjarne S. Bendtsen (Aarhus University), “Verdammte Tropennacht ohne Sterne” – navigating nationality aboard the blockade runner Marie
Fewzi Borsali (University of Adrar, Algeria), WW1 and its impact on the Gold Coast
Oluranti Afowowe (Osun State University, Nigeria), Crystalizing the Socio-Military Consequences of the Nigerian Regiment’s involvement in German East Africa Battles (1914-1918): issues and challenges for the Nigerian developmental initiatives in the 21st century
Donald O. Omagu (City University of New York – CUNY), Fighting at home and abroad: reflections on the Great War and African Americans’ struggle for liberation in the Twentieth Century

Organising Committee
Maria Fernanda Rollo (IHC – FCSH, UNL)
Ana Paula Pires (IHC – FCSH, UNL)
Contacts: greatwarinafrica@gmail.com


O programa pode ainda ser consultado AQUI, bem como os resumos das comunicações AQUI e os currículos abreviados dos participantes pode ser consultado AQUI.

Uma excelente oportunidade para aprender, conhecer e enriquecer com a historiografia que se realiza em outros países.

Com os votos do maior sucesso.

A.A.B.M.

O "AMERICANO"


O "Americano", antecessor do carro eléctrico, posto a circular, em Lisboa, a 17 de Novembro de 1873.
 
 
via Manuel Ribeiro de Faria Facebook | Grupo Amigos de Lisboa Facebook
 
J.M.M.
 

domingo, 7 de julho de 2013

STUART CARVALHAIS. O GÉNIO EM DISPERSÃO



O português sabe rir, gosta de rir e consegue fazer rir. Stuart Carvalhais - ou, simplesmente, Stuart - foi um dos mais notáveis artistas que transformou o riso numa arma satírica que ajudou a resistir a situações autoritárias e a atitudes vexatórias que, durante décadas, asfixiaram a política portuguesa e restringiram a liberdade dos cidadãos.

A intervenção de Stuart multiplicou-se, torrencialmente, nos salões artísticos e nos órgãos de comunicação social que lançaram entre nós o modernismo; colaborou em todas as publicações humorísticas e principais jornais de Lisboa e do Porto; fez capas de livros, de revistas e de discos; cartazes e maquetas para teatro e cinema; e, ainda, a decoração das primeiras edições, em Lisboa, da Feira Popular.

Acordou para a vida sob o signo das gargalhadas provocadas pelos desenhos de Bordalo. Habituou-se a conviver com o Zé Povinho. Era um símbolo, criado por Bordalo, que se insurgia contra as desgraças que atingiam Portugal e os portugueses. Foi um companheiro de luta pela causa republicana

Mas ao contrário de Manuel Gustavo, Francisco Valença e Manuel Monterroso, que se mantiveram fiéis à lição do mestre, Stuart libertou-se da linguagem de Bordalo. Pertenceu à geração de Christiano Cruz, Almada Negreiros,  Jorge Barradas, Emmerico Nunes, António Soares, Milly Possoz. Esta geração, ao tempo, conduzida por Christiano Cruz, que acompanhara a trajectória parisiense de Leal da Câmara no L'Assíette ao Beurre e embora não tenha partilhado o diálogo com as vanguardas europeias que motivou Amadeu de Souza-Cardoso, optou por outro grafismo e introduziu outro processo de abordagem das figuras e acontecimentos políticos e sociais. Proclamada a República, sucederam-se os pretextos para despertar o humor, estimular a ironia, atiçar a mordacidade. Os caricaturistas não precisavam de ser republicanos ou monárquicos para afirmar a sua irreverência.

Stuart criou um estilo pessoal. E intransmissível. Com ele, retratou o dia a dia. O traço instintivo, rápido e decidido de Stuart fixou-se em cartões reciclados de revistas e caixas de camisas, em guardanapos e utilizando bilhetes enrolados de eléctrico e paus de fósforos para desenhar - com tinta da china, lápis, carvão, graxa, vinho, borra de café - a gente simples que via na rua: bêbados, prostitutas, mendigos, crianças, varinas, costureiras. Sem esquecer as pernas das mulheres, desde que não fossem gordas e tivessem varizes, e os gatos vadios nas esquinas e nos telhados.

Os cenários repetiam-se, porque tudo se repetia: as pessoas, os animais, as situações, os lugares; à porta das casas e janelas dos bairros castiços; nos jardins, nas tabernas e nos cafés e livrarias do Chiado. Quase sempre nos desenhos há pormenores inconfundíveis: o olhar das personagens (incluindo ele próprio) representado por dois pontinhos, ora negros e cheios de vida, ora muito arregalados, ora, ainda, semicerrados mas repletos de bonomia.

Stuart deixou uma obra de incalculável extensão. Quase todos os humoristas portugueses, a partir da segunda metade dos anos 20, com a afirmação pública, nos painéis da Brasileira do Chiado e nas decorações do Bristol Club, começaram a enveredar por outros caminhos: na pintura, na cerâmica, no fresco, no vitral, na estatuária monumental. Vão ficar associados à integração das artes, nas obras públicas: nos palácios e outros edifícios, nas grandes exposições nacionais e internacionais; e na renovação da arte religiosa. Stuart - tal como Leal da Câmara e Bernardo Marques - permanece na caricatura, no cartoon e na ilustração. Disto fez, orgulhosamente, um modo de vida e de afirmação criativa.

Enfrentando os condicionalismos resultantes do exercício diário da censura instaurada, a partir de 1926, pela ditadura militar e, a seguir, pelo regime salazarista, Stuart, na dispersão prodigiosa do seu talento, conseguiu, com relâmpagos de génio, transmitir através dos episódios triviais do quotidiano a comédia e tragédia de Lisboa. Que era, também, a comédia e tragédia do país.

ANTÓNIO VALDEMAR [jornalista, sócio efectivo da Academia das Ciências e Presidente da Academia Nacional de Belas-Artes] – “STUART CARVALHAIS. O génio em dispersão”, in Revista do EXPRESSO (100 Anos 100 Portugueses), 6 de Julho de 2013, p. 23 - sublinhados nossos.

J.M.M.